domingo, 2 de junho de 2013

(cap8)

Meus olhos pinicavam por conta do sono, fazendo com que eu os esfregasse. Depois que fiz minha higiene matinal e tomei um belo café da manhã, resolvi limpar a casa. Organizei o guarda-roupa de Fernando – pois ainda havia algumas caixas para serem esvaziadas – e reorganizei o meu. Isso era meio que uma terapia ora mim. Não que fazer faxina fosse a melhor coisa do mundo, mas organizar, ocupar a mente com o vazio enquanto seu corpo trabalha é uma de minhas coisas favoritas. Assim que limpei todo o quarto, resolvi fazer o almoço, pois já eram 11hrs. Fernando não gostava de feijão, então decidi preparar arroz, salada de tomate e frango – que havia sobrado do churrasco. Assim que descongelado, comecei a desfiá-lo. Meus pensamentos viajaram pra longe durante esse tempo. Eu estava tendo a melhor vida de todas. Apenas acordar, limpar a casa, aguardar a chegada do homem que amo com a refeição na mesa... Nada que eu gostaria de mudar. Nesses últimos meses – meses que passei com Fernando – amadureci muito, pois antes eu era apenas uma adolescente inconsequente. Eu não me importava com nada e com ninguém, nem comigo mesma. Não me importava se algo acontecesse comigo, mas isso mudou. Ficar com Fernando é a prova viva de que um ser humano pode amar mais outra pessoa do que a si mesmo. Eu ainda era inconsequente, mas já deixei de fazer muita besteira com medo de magoá-lo, já dobrei meu ego várias vezes apenas para não discutir com ele. Já deixei de pegar para mim para poder dar para ele. Já achei que havia conhecido o amor antes de Fernando, mas hoje vejo que ele é realmente meu primeiro amor. E se tudo der certo, será o único. Talvez nem eu tenha noção de como o amo. O amo tanto que assim que ele chegou, tenho certeza que minhas pupilas se dilataram.
- Oi – disse sorridente ao enxugar as mãos num pano e logo jogá-las em torno de seu pescoço e beijá-lo rapidamente – Como você está?
- Eu estou bem e você? – disse um tanto monótono ao ajeitar uma mecha de cabelo meu que escapara do rabo de cavalo. Ele estava pensativo demais.
- Estou... – deslizei minhas mãos pela lateral do seu corpo, segurando em sua cintura – Mas você não está... O que foi que aconteceu? – Fernando repetiu o gesto de deslizar as mãos, mas ao em vez de deposita-las em minha cintura, agarrou meus pulsos.
- Nada. Só estou um pouco nervoso – libertou-me e caminhou até a pia, onde pegou a louça necessária e serviu-se. Eu resolvi não insistir nisso já que ele não queria conversar, mas seu o toque do celular quebrou o silêncio – Fala, caralho... – disse estressado. Enquanto isso eu apenas agia normal, arrumando a mesa – Não! E pare de me encher por besteira!... Se vira, porra! Essa é sua função, não minha! – e desligou. Sentou-se e comeu calado. Assim que me servi e sentei junto à ele, também comi minha refeição calada – Não é sua culpa. Desculpe por estar assim... – disse um tanto sem jeito.
- Tudo bem... – e estava mesmo. Comigo estava tudo bem, mas e com ele? – É... – queria conversar sobre isso, mas achei melhor não, então mudei de assunto – Como está a comida?
- Ah... – disse de boca cheia, sorriu e engoliu – É a melhor que já comi na vida.
- Mentiroso – ri de sua cara infantil e ele da minha – A gente precisa ir ao mercado.
- Se quiser, te levo e busco quando quiser.
- Você não pode ir? – queria ficar com ele.
- Mais tarde – ele mal mastigava a comida, engolindo-a com voracidade.
Fernando e eu conversamos sobre bobeiras enquanto ele comia uma segunda refeição. Coitado, estava faminto. E eu fiquei tão feliz por ele ter repetido. É uma satisfação muito grande quando gostam do que você fez com carinho.
- Acho que não precisarei voltar hoje. Vem deitar aqui comigo – disse ao caminhar até nosso quarto.
- Ah, não! Eu estou suada... E ainda tenho que terminar de arrumar a cozinha – fiz careta enquanto gesticulava pra toda aquela bagunça.
- Ah, qual é? – puxou-me pra si e beijando-me – Vem cá mesmo assim. E se você quiser nem precisa limpar isso.
- Você é bipolar? – ri – Você estava cuspindo fogo e agora parece uma mocinha – Fernando e eu nos jogamos na cama. Eu ainda aguardava sua resposta quando ele disse:
- Eu não estou mais tomando conta das biqueiras – disse sério e respirou fundo – Na verdade, estou administrando outras coisas... – ele olhava e acariciava minha coxa descoberta, que estava sobre seu quadril – Me chamaram pra ser irmão – as palavras jogaram de deus lábios depois de um tempo, pegando-me de surpresa – E eu aceitei – eu não sabia o que dizer, restando apenas a opção de assentir – Fala alguma coisa – induziu-me.
- Parabéns?! – disse em dúvida. Fernando fez uma feição de desgosto. E eu o entendo, mas não era isso o que eu queria dizer – Quero dizer... – chacoalhei a cabeça na tentativa de procurar as palavras certas – Eu fico feliz por você, mas... Eu tenho medo. Eu sei o que isso significa...
- Eu entendo... Entendo mesmo – sorriu ao acariciar meu rosto. Como era bom isso.
- Por isso que você está assim? Essa... Pressão toda? – apertei-o contra meu corpo com minha perna.
- Não é fácil, sabe... – seu tom de voz tinha culpa –  Matar nunca será uma rotina... Mas... Ah, chega, não quero mais falar sobre isso – disse com uma expressão fechada. Ele desviou seu olhar por alguns segundos para algo qualquer no quarto – É o que eu sou e o que eu faço... Se você não gosta, vai embora – disse um tanto arrogante.
- Mas que saco, Fernando – tirei minha perna de sua cintura e sentei na cama. Como eu estava nervosa – Para de colocar palavras na minha boca que eu não disse nada disso! Eu só não quero te ver assim – apontei pra ele – Só estou tentando ser gentil com você, demonstrar que me importo e você me dá essa patada. Faz o que você quiser e fica aí – agora eu já estava passando pela porta e ele veio atrás de mim.
- Você está certa... – puxou-me pelo braço. Era até engraçado de se ver, pois ele não era bom em pedir desculpas.
- Fernando... – respirei fundo e coloquei minha mão em seu ombro – Eu não quero discutir por coisa besta... Mas você precisa se controlar mais.
- Ahhh – bufou – Os conselhos da mais calma da favela – ironizou.
- Eu não sei o quê você passa lá em cima, mas... Porra, Fernando, eu estou aqui de boa esperando por você, preparei seu almoço... Pra você descontar seus problemas em mim? Eu sou sua mulher – comecei a dar leves empurrões em seu tórax. Eu estava começando a perder a paciência – Eu estou aqui pra ajudar você. Se você tem um problema, eu quero te ajudar a resolver e não ser seu saco de pancadas. Vai brigar com um dos favelados que você comanda e não comigo.
- Você se acha tão inteligente, mas é tão inútil – empurrou-me.
- Ah!, vai se foder, seu imbecil – disse num tom mais alto e devolvi o empurrão com mais força.
- PARA COM ISSO – gritou ao agarrar meu pescoço e prensar-me contra a parede – Para de me provocar que hoje eu faço besteira – disse entredentes.
- FAZ! – gritei ao afastá-lo de mim – FAZ QUE HOJE EU ACORDEI DISPOSTA A FAZER BESTEIRA TAMBÉM – refleti por um segundo nessa briga idiota e por fim disse – Ah Fernando, larga mão de ser besta! Vai deitar que eu tenho mais o que fazer – sai de perto dele e fui até a cozinha, terminar minha tarefa. Pelo jeito ele também desistiu, pois bateu com força a porta do quarto.
Pude arrumar tudo em menos de duas horas. Fernando estava dormindo quando entrei no quarto para pegar roupas limpas. Agora eu só teria que lavar o banheiro e tomar um banho. Era realmente bom morar em uma casa de poucos cômodos. E também não havia necessidade que cômodos grandes para Fernando e eu. 
Depois de tudo limpa e já trocada, deitei-me gentilmente ao lado de Fernando. Vislumbrei seu rosto – mais parecia ser esculpido por anjos – que trazia uma expressão doce e suave. Senti pena dele. Não deveria ser fácil fazer o que ele faz. Matar, torturar, levar, buscar... Ter que fazer tudo o que lhe mandassem. Dá pra entender porque ele está assim. Aninhei meu corpo junto ao dele e em troca recebi o aconchego de Fernando.
- Vem aqui, meu amor – encaixou meu corpo no dele – Meu doce amor... - e beijou minha testa.
- Eu amo você, briguento – eu sempre gostei de homens bravos, e me apaixonei pela fúria de seus olhos cor de fogo, mas era impossível não amar o doce e gentil Fernando.
- Eu sei – rimos. “Doce, gentil e convencido” reformulei a frase em meu pensamento – E eu também te amo, gostosa. Olha, bem que você poderia começar a fazer faxina todos os dias e usar esses shortinhos curtos – deu-me uma palmada ao beijar e morder meus lábios, puxando-os no fim.
- Pode deixar que vou usá-los mesmo quando não fizer faxina – joguei minha perna sobre seu quadril, atravessando-o. Apertei seu corpo contra o meu.
- Ah, quando você não fizer faxina, pode ficar sem roupa alguma – disse levantando minha camiseta, cobrindo apenas meus seios. Ele passava sua mão em meu corpo com um tanto de ansiedade, fazendo com que minha respiração ficasse acelerada.
- Mô... – disse ao encostar minha testa na dele e deslizar meus dedos em seus cabelos curtos. Era possível sentir sua respiração quente em meu queixo e colo. Fernando ergueu seus olhos na altura dos meus, que antes estavam em meus lábios – Me beija – essas duas palavras saíram num sussurro que era quase impossível de se ouvir, mas Fernando ouviu.
Fernando colou seus lábios nos meus, beijando-me feroz e docemente – esse era um dos melhores tipos de beijo, pois parecia que ele queria meu corpo o mais rápido possível, mas tinha cuidado o suficiente ao manusear-me. Suas mãos – rápidas e ágeis – guiaram meu corpo para que ficasse sobre o seu. Encaixei seu corpo entre minhas pernas, e minha fome por seu calor não permitiu que meus lábios e mãos se desgrudassem de sua carne. Suas mãos apertavam meus quadris e cintura de forma fogosa enquanto pressionava minha intimidade contra a dele. O arrepio de excitação iniciou-se em minhas mãos e percorreu meus braços, até chegar em minha coluna. Fernando apertava a pele de minhas costas, num pedido para que eu tirasse minha camiseta. Separei nossos troncos e o encarei de cima enquanto agarrava o pedaço de pano e o deslizava sobre meu corpo. Fernando sentou-se rapidamente antes que o tecido chegasse em meus ombros, encarando e acariciando meus seios. Assim que fiquei com o peito completamente descoberto, inclinei minha coluna para trás, apoiando minas mãos na cama. Fernando tirou sua camisa e fez o movimento oposto, chegando até mim. Uma de suas mãos estava em minhas costas, segurando-me com firmeza, enquanto a outra apertava um de meus seios. Ele encurvou sua coluna, para que pudesse beijá-los. Minhas mãos agarraram sua cabeça, guiando seus beijos para meus lugares favoritos. Ele os apertava, beijava, chupava e mordiscava com tanta lentidão e força que não pude conter alguns gemidos. Aquilo era uma tortura – deliciosa –, pois eu queria que ele me penetrasse o mais rápido possível. Apertei minha intimidade contra a de Fernando na tentativa de acalmar minha impaciência, mas toda minha calma foi embora quando senti seu membro rígido.
- Essa calça está me irritando – disse um tanto bravo ao tirar-me de cima de si, deitar-se e desabotoar a mesma, tirando-a rapidamente junto de sua cueca.
Deslizei minhas mãos por seu corpo, enquanto encaixava-me e puxava-o pra perto de mim como antes. Assim que cheguei até seu membro e comecei a apertá-lo. Alguns grunhidos saíam dos lábios de Fernando quando comecei a masturba-lo. Eu também o torturaria, pois meus movimentos eram circulares e rápidos. Fernando inclinou a cabeça para trás enquanto apertava minhas coxas. Eu vislumbrava todo seu corpo perfeito – era possível notar que seu corpo estava mais musculoso depois que começou a frequentar a academia. E era difícil de acreditar que toda essa perfeição era apenas minha – e por mais que quisesse transar com ele o mais rápido possível, estava decidida a dar todo o prazer possível pra ele antes disso. Fernando agarrou meus pulsos, interrompendo-me e encarou-me um tanto nervoso, ansioso e cansado. Suas sobrancelhas estavam unidas em sua expressão confusa.
- Tira logo esse short – disse ao pressionar minha intimidade contra a dele, e eu obedeci na hora.
Apoiei-me em seus ombros e fiquei em pé na cama. Como estava de pijama, foi bem fácil tirar o short, e assim que o tecido chegou em meus joelhos, Fernando agarrou uma de minhas coxas, descendo o resto do tecido, segurando-me firmemente para que eu pudesse ficar em um pé só e não caísse. Seus olhos acompanharam com atenção esse percurso até que apenas minha outra perna ficasse com o short, e assim feito, suas mãos percorreram minha coxa até chegar em minha bunda. Fernando puxou-me pela cintura e eu sentei em seu colo de forma que ele ficasse entre minhas pernas enquanto eu estava de joelhos. Ele segurou seu membro, guiando-me e encaixando nossos corpos. Comecei a gemer no mesmo instante, pois estava recebendo o que tanto esperava. Meu corpo movia-se com naturalidade sobre o de Fernando. Suas mãos apertavam minha cintura enquanto eu envolvia-o em meu colo. Nos encaramos e sorrimos um para o outro em meio ao nossos gemidos. Fernando mordia meu ombro e pescoço, e em troca ganhava arranhões em suas costas. Peguei uma de suas mãos e emaranhei em meus cabelos, num pedido que ele os puxasse, e assim o fez.  Fernando puxava meus cabelos, levantando meu rosto, dando passagem para que ele mordesse meu maxilar e beijasse minha garganta. Meus gemidos eram um tanto ardidos, pois meu corpo todo queimava. Fernando deitou e apertou toda a lateral de meu corpo enquanto eu rebolava e quicava rapidamente sobre seu corpo. Certas vezes ele também movia seu quadril junto ao meu, para que nossos movimentos fossem mais intensos. Inclinei meu tronco em meio aos meus movimentos e mordi seus lábios. Num gesto rápido e prático, Fernando inverteu nossa posição, ficando por cima de mim, levantando uma de minhas pernas e penetrando-me com força. Suas mãos percorreram a lateral do meu corpo inúmeras vezes. Eu fechei os olhos e abri minhas pernas o máximo possível, pois estava prestes a gozar. Meus gemidos – agora mais altos – fez com que meu corpo se arrepiasse. Assim que abri os olhos, vi que Fernando encarava-me de forma minuciosa e luxuosa. Ele subiu uma de suas mãos até meu rosto, tocando meus lábios com seu dedão, enfiando-o em minha boca e eu chupei-o. Fernando encaixou seu rosto entre meu ombro e pescoço e começou a urrar em meus ouvidos. Seus movimentos ficaram um pouco mais lentos e profundos até que ele gozou dentro de mim e deitou-se ao meu lado.
- Você foi incrível – disse pra mim depois de alguns minutos. E eu sorri.
Nós ficamos algum tempo nos olhando e logo Fernando levantou-se e voltou com um cigarro de maconha. Eu estava do meu lado da cama, de barriga para cima e Fernando deitou-se de modo que nossos corpos formassem um “T”, fazendo de minha barriga seu travesseiro. Eu acariciava seus cabelos enquanto ele fumava lentamente.
- Toma – disse entregando-me a droga. Fernando soltava a fumaça lentamente. Alguns tossidos escaparam de seus lábios.
Fumei lentamente, sentindo a textura, o sabor e me divertindo com a fumaça que escapava de meus lábios. Na segunda vez que fumei e também tossi. Meu corpo relaxou no mesmo segundo, dando prioridade aos meus pensamentos. Olhei pra Fernando e ele já me encarava. Entreguei o cigarro.
- Do que você mais gosta? – ajeitei-me para que pudesse olhá-lo melhor.
- De quê? – perguntou confuso.
- Na cama – fui direta.
- Ah... – ele olhou pra parede, talvez na tentativa de se concentrar – Eu gosto de ficar por cima... – ele me encarou e pude ver que seus olhos brilhavam. Eu fiquei calada para que ele continuasse – Gosto de... – deitou-se de lado e começou a passar a mão em meu corpo – Quando você geme de olhos fechados. Gosto de quando a gente faz sexo sem combinar...
- Como assim? – perguntei interessada.
- Por exemplo, você está fazendo o almoço e a gente começa a trepar – não pude deixar de sorrir – ou em qualquer lugar fora da cama – ele observou o cômodo – Não... também gosto de te comer aqui – e logo beijou meu umbigo – E você?
- Quando... – “não acredito que vou dizer isso”, pensei – Você... Me dá uns tapas ardidos ou puxa meu cabelo – pude sentir que corei de leve.
- Eu percebi isso... Já tem um tempo – ele sorriu e eu retribui – Você gosta muito?
- Muito – fiquei envergonhada.
- Ei, não precisa ter vergonha de mim... – disse aproximando-se, ajeitando-se ao meu lado.
- Não tenho... Não de você. É que... Nunca tive esse tipo de conversa.
- Você foi a primeira que perguntaram o que gosto – sorriu (e que sorriso).
- Mas... Continua. Do que mais?
- Eu gosto das preliminares. Quando você me deixa fazer besteiras com você. Gosto da forma que você me deixa te manusear... Esse seu jeito de menina me deixa louco – ele dizia isso mordia os lábios, ME deixando louca.
- Eu também gosto disso. Quando você me mostra o que sabe. Eu gosto mais de “obedecer do que mandar”. Gosto de quando você me mostra quem manda – encarei-o.
- Você gosta disso, então? – puxou uma de minhas pernas pra si, encaixando-se em meu corpo. Fernando emaranhou seus dedos em meu cabelo, puxando-os, levantando meu rosto – Gosta disso? – perguntou mais uma vez num tom de ordem.
- Me deixa louca – disse de olhos fechados sem fazer movimento algum, pois o tesão era tão grande que eu esqueci como se respirava.
E logo nossos gemidos de novo estavam no quarto. 

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