ALGUNS MESES DEPOIS
Já era quase de noite. A casa já estava limpa e eu ia tomar
banho quando meu celular tocou. Era Fernando.
- Amor, se arruma. Vou te levar pra sair hoje à noite.
- Ok... Pra onde?
- Pra jantar. Coloca uma roupa bem sexy pra mim, coloca? –
sussurrou a ultima frase. Talvez estivesse com pessoas por perto.
- Coloco sim. Sexy e fácil de tirar – disse lentamente.
- Mmm – ouvi sua respiração – Tenho que desligar – e por
fim, desligou.
Depois que tomei banho, me perfumei, abusando de cremes
hidratantes. Fernando havia me dado dinheiro – muito dinheiro – para comprar o
que quisesse.
FlashBack
- Amor... – disse esfregando a toalha no cabelo molhado e
depois a jogou na cama. Ele caminhou até o guarda-roupa, ficando nas pontas dos
pés pra poder alcançar a parte mais alta. Tirou de um fundo falso, um saco
preto que dentro havia maços de dinheiro e entregou-me um deles – Pega esse
dinheiro e vai comprar algumas coisas pra você.
- Eu não estou precisando de nada, Amor... – estiquei o
braço pra devolvê-lo.
- Para de graça – sorriu e me deu um selinho. Eu não sabia
como agir. Naquele maço deveria haver pelo menos R$10,000 – Vai ao shopping, e
compra o que você quiser.
- Vem comigo, então? – fiz cara de piedade. Assim também
compraria algo pra ele, e... Seria legal me divertir com o homem que tanto amo,
afinal, nunca gostei de ir ao shopping sozinha.
- Argh... – fez careta – Eu não tenho paciência pra te
esperar...
- Por favor – fiz bico. Era infantil, mas eu sabia que ele
não resistiria.
- Ah – e pigarreou – Tudo bem – disse ao envolver-me e puxar
meu beiço com os dentes – Quer ir agora?
- Uhum – disse enquanto acenava com a cabeça, mas na
verdade, minha vontade era de transar com ele.
- Então se arruma – encorajou-me com um empurrãozinho e deu estapeou
em minha bunda. Eu suspirei, na tentativa de conter-me.
Depois de pronta, Fernando e eu descemos até a garagem. Ele
havia comprado um carro pra mim, pois segundo ele logo eu tiraria carta e
poderia sair sem ele. Mas enquanto eu ainda estava tendo aulas, ele me levaria
onde eu quisesse. Meus pensamentos tomaram conta de mim enquanto estávamos indo
ao shopping. Fernando era até mesmo um pai pra mim. Dava-me de tudo e eu
apenas... Respirava. Lembrei-me quando minha tia me chamou de sangue suga. Eu
as vezes insinuava em conversas que eu não era boa o suficiente pra ele, mas
segundo ele, eu o mantenho são, o mantenho humano, pois como ele disse, sou a
única pessoa que ele ama. E, bem... Isso é recíproco.
Eu achei que ele fosse me levar a um shopping comum, mas pra
minha surpresa, ele me levou a um dos shoppings mais luxuosos da cidade. Eu até
me senti desconfortável por estar com minhas roupas comuns, mas é claro, estava
usando o relógio que ele havia comprado. Já Fernando, apesar de ser bandido,
ele não era um típico favelado rico que usava várias correntes de ouro e boné.
Na verdade, ele tinha muitas roupas de marcas nobres e seu rosto também era...
Digamos, de um playboy. Eu nunca, jamais me interessei pelo dinheiro que ele
tinha, mesmo sabendo que era muito. Ele um dia, confessou que apesar de sentir
vontade de morar num condomínio fechado, e andar em carros importados,
sentia-se mais seguro morando na favela, favela, que segundo ele, sempre será
sua casa.
“Óh, Céus, como eu amo esse homem”, pensei assim que ele
percebeu que eu o encarava, e sorriu pra mim.
- Espere – disse ao sair do carro. Minha respiração até
falhou. O que ele iria fazer? Fernando deu a volta, chegando ao meu lado e
abrindo a porta – Madame...? – e estendeu sua mão pra pegar a minha. Não pude
deixar de rir, mas entrando em sua brincadeira, assim, dando-lhe minha mão –
Mmm... – emitiu esse som grave sexy e gostoso que me faz deseja-lo, e deu um
beijo em minha mão. Ele examinou o relógio em meu pulso e encarou-me pelo canto
do olho – É... – puxou-me e sussurrou em meu ouvido – Quero que você compre uma
calcinha que combine com esse relógio, assim, eu começo tirando-o de seu pulso
com minhas mãos, e termino tirando-a com minha boca – minhas pernas formigaram
quando ele disse isso. Eu o encarei. Sei que meus olhos pediam por misericórdia,
pois ele riu de minha cara. Como eu o queria... – Vem, minha rainha.
Nós compramos, almoçamos, compramos mais coisas, e mais coisas
ainda. Fernando também comprou várias peças de roupas pra ele. O filho da mãe
levou e sacou – de sua conta fantasma – tanto dinheiro. Era incrível como ele
tinha tudo planejado. Contas, documentos... Para o mundo ele realmente era
Alison.
Já era a terceira vez que nós havíamos descido até o
estacionamento levar os montes de sacolas.
- Nunca achei que teria uma saia da Dior e um vestido da
Daslu – ri enquanto caminhávamos abraçados até o elevador.
- Você merece muito mais que isso – sussurrou em meu ouvido.
Ele disse isso numa inocência e sinceridade tão grande que fiquei sem palavras.
Bem, o resto da noite foi tranquila, e como ele havia
prometido, começou em meu pulso e terminou em sua boca.
Eu já estava pronta, perfumada, gostosa... Com certeza,
tiraria o fôlego de Fernando. Assim que ele chegou, eu estava no terraço
recolhendo as roupas, pois provavelmente choveria. Eu as coloquei numa parte
coberta e sentei numa das cadeiras de plástico. Vislumbrei a cidade enquanto
esperava Fernando.
A vista era tão bonita. Era o início de uma noite bem escura
por conta das nuvens, e a Lua refletia no mar de tal maneira que era uma
amostra do paraíso. Vislumbrei os barracos mal iluminados, as árvores graúdas,
os tijolos vermelhos do lado de fora da nossa casa... Eu não trocaria essa vida
por nada... Principalmente esse som. Som dos passos de Fernando, que chegavam
até mim.
- Eu amo isso aqui – disse ao agachar-se atrás de mim e
beijar meus cabelos e acariciar os mesmos. Eu o olhei e ele estava fascinado
com sua visão – Também amo você – sorriu pra mim – Demais.
- Eu sei, meu amor – acariciei sua mão e beijei a palma da
mesma.
- Vamos?! – disse ao levantasse-se e puxar-me. Assim que
virei, Fernando encarou-me de cima a baixo – Sexy e fácil de tirar – disse com
um sorriso maroto e prensou-me contra seu corpo.
- E você sabe que quanto mais cedo irmos, mais cedo
voltaremos – sussurrei.
Fernando e eu conversamos sobre o que fizemos hoje. Enquanto
ele me contava sobre seu dia, eu memorizei cada detalhe de seu corpo. Calça jeans
preta e camisa branca e jaqueta de couro preta. Estava de enlouquecer qualquer
uma, e de invejar qualquer um.
- O que foi? – perguntou semicerrando os olhos, um tanto sem
graça.
- Estou admirando sua beleza.
Ele sorriu e me puxou com toda força pra perto de si. Seu
braço estava entorno do meu pescoço, enquanto ele quase arrancou meus lábios
com seu beijo e mordida e logo, disse:
- E eu agora quero admirar a sua – disse ainda encarando-me de
perto sem se importar com o trânsito.
- Está louco, moleque? – gritei segurando o volante e
olhando para os carros a nossa frente, tentando me soltar de seu braço, mas confesso
que gostei dessa sua brincadeira.
- Você me chama de moleque... Me deixa fodido de raiva,
sabia? – disse num tom sexy e grave.
- É? Fica bravo? – perguntei roçando meus lábios nos seus.
- Louco... – e beijou-me rápida e violentamente. Assim
voltando sua atenção a sua frente.
Não demorou muito até que chegássemos ao nosso destino.
Fernando levou-me à um pub moderno e badalado no centro.
- Seria engraçado se nós estivéssemos ouvindo um funk
proibido no ultimo volume, não acha? – perguntei sorridente, imaginando a
situação.
- Nem nos deixariam entrar – riu.
- Você é muito filho da puta, eim, Fernando – disse sorrindo
e ele fez careta sem entender – É um bandidão, mas paga de playboy – tirei sarro
de sua cara.
- Fazer o que se eu sou esperto demais pra ter uma vida boa
e ainda mandar na minha favela – disse sorridente e brincalhão num tom
esnobado, enquanto ajeitava sua jaqueta, incorporando sua personagem.
- Seu idiota – sorri e estapeei seu ombro.
Nós fomos até o local. Um homem perguntou onde gostaríamos
de ficar e Fernando disse num lugar reservado. Ele nos levou até uma mesa com
cadeiras acolchoadas ao lado de uma janela. O lugar estava um tanto abarrotado
por ser dia de semana, na verdade, parecia ser sábado.
- O que gostariam? – perguntou educadamente à Fernando e
mim.
- Eu gostaria de um black... E você? – me encarou.
- Vodca – disse ao homem.
- Tudo bem... Com licença – e retirou-se.
- Não vai me dar trabalho, vai? – Fernando aninhou-me junto
de seu corpo. Seu hálito fresco batia em minha boca.
- Você acha que não? – disse ao puxá-lo e beijá-lo
intensamente. Eu estava começando a me animar, pois quando dei-me conta, minha coxa
já estava nas mãos de Fernando. Contive-me quando o garçom voltou com nossos
pedidos.
Fernando pediu algumas bobagens para comermos, e eu aceitei,
pois eu não estava com muita fome.
Nós comemos, conversamos, rimos, bebemos (principalmente eu)
e nos beijamos tanto até que nossos lábios ficaram inchados. Encaixei meu rosto
no pescoço de Fernando e enquanto inalava seu perfume, ficando ainda mais
bêbada.
- Amor – disse mole – Vou ao banheiro... – pensei melhor –
Não, não!, ao toalete – ri, pois também estava incorporando a personagem.
Fernando gargalhou.
- Ok... – deu-me passagem e eu
segui até o “toalete”.
Assim que usei o mesmo, me
encarei no espelho e dei um retoque em minha maquiagem. Tomei o máximo de
cuidado pra não borrar, pois meus movimentos não eram um dos mais perfeitos.
Encarei-me e gostei do que vi. Meus cabelos estavam um tanto rebeldes,
deixando-me ainda mais sexy, pois também estava com batom vermelho. Arrumei meu
vestido em meu corpo, pois o mesmo estava um tanto torto. Era um milagre eu
poder andar de salto sem cair do jeito que eu estava.
Assim que saí do local, lembrei
na metade do caminho que eu tinha esquecido minha bolsa de mão no banheiro.
Virei-me pra busca-la, mas meu corpo se chocou numa parede. Eu estaria no chão
se não fosse pelos braços dessa parede que agora me segurava.
- Cuidado, senhorita, não vai se
machucar – olhos verdes e lábios finos me alertaram.
- Ah, me desculpe – juntei o
máximo de consciência que eu ainda tinha. Semicerrei os olhos tentando ver
melhor seu rosto.
- Não, está tudo bem – ele olhava
pra minha mão esquerda. “É, príncipe, eu apenas aparento não ser casada”,
pensei. Ele soltou-me e eu me endireitei – Gostaria de se juntar a mim e meus
amigos?
- Senhorita, sua bolsa – uma moça
disse ao colocar a mão em meu ombro, chamando minha atenção.
- Ah, muito brigada – disse agradecida,
pois nem me lembrava mais disso.
- Por nada – saiu. Aquele homem
ainda esperava minha resposta.
- Eu não sei se devo... – disse hesitante.
- Ah, por dez minutos. Se eu for
chato demais você pode ir embora sem me dar seu telefone – insistiu sorridente
e simpático. Eu não resisti, afinal, Fernando não sentiria minha falta por dez
minutos.
- Tudo bem – assenti. Ele segurou
em minha mão e guiou-me.
Ele estava numa mesa com mais
três amigos. Havia mais duas garotas.
- Pessoal, essa é a... – ele
inclinou-se de modo que minha boca encostasse em seu ouvido – Eu não sei seu
nome, moça – Eu ri e disse meu nome. Ele me apresentou educadamente para seus
amigos e todos foram muito educados comigo – Sente-se aqui – puxou uma cadeira
pra mim e sentou ao meu lado – A propósito, me chamo Heitor – disse sorridente.
Encarei-o. Loiro, rosto quadrado, musculoso... Eu com certeza treparia com
ele... Se não estivesse com Fernando.
“Fernando”, pensei.
- Desculpe, mas eu não posso
ficar aqui... – ia me levantando, mas ele me segurou.
- Ah, por favor, vamos conversar
um pouco... Bebe alguma coisa e depois te deixo livre – ele sabia como segurar
uma garota.
- OK... – um, apenas.
Eu bebi mais uma ou duas doses de
Vodca. Quando cheguei na terceira, eu já estava debruçada no encosto da cadeira
de Heitor.
- Mas que palhaçada é essa? –
reconheci de imediato a voz de Fernando. Joguei minha cabeça pra trás e o
encarei. Ele ficava engraçado de ponta cabeça.
- Oi amor – ri de sua cara. Mesmo
bravo, ele ficava incrivelmente lindo. “Bravo”, pensei. Por que ele estaria
bravo comigo? Eu não estava fazendo nada de mais...
- “Oi amor” é o caralho! Levanta
dessa porra de meda agora – ele puxou-me.
- Ela pode ficar se quiser –
interveio Heitor, ficando de pé e encarando Fernando. Como eu gostaria de
vê-los brigar... Ou até mesmo transar ao mesmo tempo com os dois.
- Cala a tua boca, mauricinho. –
disse mais alto, apertando meu braço – Que hoje eu só não te arrebento, porque
vou arrebentar essa daqui – e encarou-me com olhos cor de fogo... Fogo do
inferno, e assim puxou-me com violência. Todos que nos viam, ficavam
boquiabertos. Fernando me apertava tão forte, que realmente começou a doer. Eu
tentava gritar com ele, mas estava tonta de mais. Minha voz não saia. Na
verdade nem sei como já estávamos encostados em nosso carro – Minha vontade é
de te arrebentar, sua filha da puta! – ele não gritava, mas dizia isso
entredentes, e dava pra ver que ele queria mesmo me bater, pois segurava meu
maxilar com força – Eu te mato!, eu juro que te mato se... – um som de raiva
saiu de sua garganta assim que ele deu um soco no carro, ao lado de meu rosto.
- Não mata não – o desafiei. Ele
me encarou com um olhar de dar medo, que eu até fiquei um tanto mais sobrea.
- Para de me provocar – disse baixo
ao enforcar-me e logo soltar meu pescoço.
- Não mata, sabe por quê? – disse
deslizando uma de minhas mãos até o volume que havia entre suas pernas – Porque
você me ama – sussurrei em seu ouvido.
- Você é uma puta! – ele disse um
tanto alto, empurrando-me– Se eu não tivesse aparecido, teria dado praquele otário!
– seu nervosismo apenas aumentava meu desejo.
- Então me come, Fernando! –
puxei-o com força – Me come aqui, agora! Não me faça ficar arrependida por ter
escolhido você e não ele! – ele me encarava com sobrancelhas unidas e maxilar
contraído – Me mostra que você é mais homem do que ele! Me mostra que você fode
mais gostoso do que ele! – eu dizia entredentes, louca de tesão.
- Sua puta... Cachorra – disse ao
emaranhar seus dedos em meus cabelos e puxar meu pescoço para um lado, deixando
o outro livre e o mordendo e beijando. Fernando beijou-me violentamente. Ele
levantou uma de minhas coxas e a apertou com tanta força que chegou a doer tão
gostoso. Fernando conduziu-me a um beco ao lado do pub, e prensou-me contra a
parede fria – Você precisa de uma surra, sua vagabunda – sussurrou ao meu
ouvido e mordeu minha orelha, deixando-me sem ar.
- Uma surra de pau – disse prensando
minha intimidade contra a dele e sorrindo maliciosamente. Fernando levantou-me
pelas pernas, encaixando nossos corpos. Ele me apertava contra a parede
enquanto meu beijava e passava as mãos na lateral do meu corpo. Não demorou
muito até que ele desabotoasse sua calça e erguesse meu vestido.
- Mas que porra de calcinha –
disse com ódio, agarrando e rasgando o tecido. Como eu o amava. Fernando
invadiu-me com força desde o primeiro momento, e ele ia cada vez mais fundo. Eu
mordia meu pescoço enquanto abafava meus gemidos. Ele puxou-me violentamente
pelos cabelos, forçando-me a olhá-lo – Geme pra mim, sua vagabunda! Geme! –
ordenou. Eu queria mais, então não fiz o que ele pediu. O queria furioso – Sua puta
do caralho – e então me penetrou com tanta intensidade que foi impossível não
gemer. Fernando também urrava enquanto me encarava – Você ainda queria estar
com aquele frouxo? Eim? – perguntou-me em meio ao seus movimentos.
- Não – minha voz não saiu alta o
suficiente.
- Não ouvi, responde! – disse alto
e me deu um chacoalho.
- Ah... – eu tentava tomar fôlego
– Não! – disse bem claro. Eu já havia gozado, mas mesmo assim Fernando não me largava.
Minha intimidade ficou anestesiada. Eu nunca tinha sentido um prazer tão grande
na minha vida, até que Fernando também gozou.
- Essa é a ultima vez que você
faz isso – disse ao colocar-me no chão e abotoar sua calça. Eu arrumei meu
vestido – Porque da próxima, eu juro que te mato! – segurou em meu maxilar e
mordeu meus lábios com vorazmente – Vamos embora, caralho – disse puxando-me de
qualquer jeito de onde estávamos.
Ele não disse nada o caminho todo,
até que eu puxei assunto.
- Ainda está bravo comigo? – fiz voz
de arrependida. Ele não me respondeu, apenas pigarreou – Sabe... – disse me aproximando
dele – Essa foi uma das melhores da minha vida – disse como uma menina que
acabou de perder a virgindade. Ele riu.
- Você gosta de tapa. – olhou-me pelo canto do olho.
- Puta ou não, eu te deixo doido,
não deixo? – me entiquei ainda mais.
- Louco – disse passando seu
braço envolta do meu pescoço. Fernando deu-me um selinho doce e calmo – Mas eu
não estou brincando... Experimenta fazer isso outra vez que eu te arrebento de
verdade... E você sabe que eu posso – apenas disse com firmeza a ultima frase.
E eu sei que ele poderia mesmo.
- Só não me deixe mais ir ao
banheiro sozinha – brinquei – E eu nunca te trairia, mesmo bêbada.
- Mmm... Isso quase aconteceu.
- Não – ajeitei-me em meu banco –
Não, não. Eu não ia. Eu apenas estava alta. Confesso que ele era bonito, mas...
- Quer mesmo começar uma discussão
sobre isso? – interrompeu-me – Queria ver se fosse eu a dizer que uma mulher é
bonita – ironizou.
- Mô... Você fica uma gracinha
com ciúmes – sorri.
- Pare de ser infantil! – ele estava
voltando a ficar bravo.
- Pare você também – disse ríspida
– Porra, eu dei pra você e não pra ele. Você sabe, só não admite por machismo,
que eu não te trairia – e assim eu o calei.
Nos mal nos falamos até chegarmos em casa.
Enquanto eu tomava banho, tive a esperança de que Fernando invadisse meu
espaço, mas isso não aconteceu, e quando sai do banheiro e entrei em nosso
quarto, ele nem olhou em minha cara ao passar por mim para tomar seu banho. Eu
deitei e o esperei de olhos fechados, pois ainda estava bêbada e sei que terei uma bela dor de cabeça amanhã. Assim que ele se deitou de costas pra
mim, meu coração apertou de tal maneira, que eu engoli meu orgulho, e disse:
- Me desculpa por hoje. Eu sei
que não estava certa, mas... – pensei bem no que dizer – Eu só não consigo
aguentar você me ignorando na hora de dormir. Não posso dormir em paz sem saber
que você ainda me quer aqui – a última frase saiu tão baixa, mas tenho certeza de
que ele ouviu.
Ele se virou – pra minha maior
alegria – e disse:
- Eu sempre vou te querer ao meu
lado, meu amor – me abraçou e deu um beijo em minha testa. Assim, pude dormir
em paz.
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