quarta-feira, 24 de abril de 2013

(cap5)



[...]– disse levando-me à cozinha, sentando-me numa das cadeiras e servindo-me uma tigela com frutas. Arregalei meus olhos. Minha garganta doía tanto ao engolir saliva que seria como engolir pedregulhos ao engolir qualquer tipo de comida.
- Não quero – disse indiferente empurrando a tigela. Meu corpo ainda estava sobre efeito do analgésico, pois não tem nem 6 horas que eu os tomei. Não me olhei no espelho essa manhã, mas sei que estou roxa, pois posso sentir que a região perto do meu olho está um tanto inchada. Fernando não tinha comentado nada sobre isso, pois sei que estava tentando evitar discussões, pois seus olhos tremeram quando me viu essa manhã.
- Hmmm – disse semicerrando os olhos e fazendo uma expressão que eu não pude entender. Ele tinha matado a charada – Deixe-me ver isto – disse sério ao aproximar-se e afastar meus cabelos que estavam soltos. Seus olhos se arregalaram. Por que ele teve que fazer isso? Fingir que nada aconteceu era melhor – Meu Deus... Isso está horrível!... Está cinco vezes pior que seu rosto! – seu olhar preocupado transformou-se em raiva – EU IRIA ATÉ O INFERNO SÓ PRA MATAR AQUELE FILHO DA PUTA UMA SEGUNDA VEZ – gritou ao atirar a tigela com frutas (agora espatifada) na parede. O susto foi tão grande que quase senti medo. Fernando foi até uma das caixas e pegou uma garrafa de uísque, encheu pelo menos duas doses num copo e tomou tudo em poucas goladas. Notei que seus olhos lacrimejaram – Eu vou te dar maconha para que você relaxe um pouco – disse e fez sinal para que eu o seguisse. “Não sou apenas eu quem precisa relaxar”, pensei, mas resolvi ficar quieta, pois não queria irritá-lo ainda mais. Fernando tirou um saquinho que continha maconha de uma das caixas, deitou-se na chaise e puxou-me pra si, aninhando nossos corpos e logo jogou um cobertor sobre nós que sempre ficava no encosto do sofá.
- Pega, amor – disse entregando-me a droga já enrolada no papel e junto um isqueiro. Depois que fumei algumas vezes, pude sentir meu corpo relaxar profundamente e assim entreguei o mesmo para Fernando que também fumou. Ele ergueu meu rosto para que eu o olhasse – Eu te amo demais – disse e logo em seguida beijou-me lenta e profundamente. Enquanto nossas línguas moviam-se em sincronia, uma de suas mãos segurava a maconha, a outra acariciava meu rosto, onde eu tinha levado a bofetada. Nós nem prestávamos atenção na tv. Eu envolvi meus braços em seu pescoço – Espere – disse durante nosso beijo e rompendo o mesmo. Ele acendeu mais uma vez a droga, fumando-a e assim segurando meu rosto de forma que eu sugasse a fumaça que saía de sua boca. Eu adorava quando ele fazia isso. Fernando agora estava com suas mãos livres, podendo apertar-me contra seu corpo. Seus apertos eram tão fogosos que me enlouqueciam rapidamente. Fernando ergueu impaciente minha camiseta até o limite, mas não quis tirá-la por conta do frio. Dando-se por vencido, apenas contentou-se em apalpar um de meus seios enquanto chupava e mordiscava o outro. Ele esgarçava o tecido, puxando a gola para que pudesse beijar e morder a pele de meu colo deixando-me nervosa, fazendo com que eu cedesse e tirasse a mesma. “Esse filho da mãe me paga”, pensei ao tirar sua camisa. Em troca, Fernando apenas me encarou com seus olhos cor de fogo e era possível notar que o fogo não estava apenas em seus olhos, pois assim que desci minhas mãos, pude sentir sua ereção, fazendo com que meus pelos se eriçassem. Em pouco tempo fiquei completamente excitada por seus toques e logo minha calça e calcinha estavam jogados nos pés do sofá. Desci minhas mãos impacientes pelos ombros e braços de Fernando, sentindo sua pele macia queimar sob meus dedos. Meus beijos percorreram várias vezes o caminho da boca para o maxilar de Fernando e logo mordi a ponta de sua orelha.
-Me come logo... – arfei.
Por estarmos de lado, nossos movimentos eram um tanto limitados. Assim que Fernando ficou nu, joguei uma de minhas pernas sobre seu quadril, dando espaço suficiente pra que Fernando me penetrasse e quando assim o fez, minha intimidade ardeu deliciosamente. Essa posição dependia mais de meu esforço do que de Fernando e assim afastei meu tronco e enquanto envergava minhas costas e comandava os movimentos de vai e vem, ele apertava fortemente minha cintura enquanto mordia o lábio inferior e encarava nossa intimidade. Pude notar que não estávamos mais cobertos, mas o frio não me afetava, pois as gotículas de suor já estavam sobre nossos corpos. Eu estava quase tento um orgasmo, pois os pelos da minha coxa se arrepiaram. O prazer que Fernando me dava inundava-me de forma tão profunda e perturbadora que era quase insuportável. Enfiei minha cabeça entre o sofá e o ombro de Fernando, assim abafando meus gemidos que estavam um tanto mais altos que o normal. Ele puxou-me pelos cabelos e encarou minha face de prazer com uma feição um tanto brava, pois suas sobrancelhas estavam franzidas e seu maxilar contraído. Seus olhos vislumbravam-me a ponto de me deixar constrangida. Eu sabia que ele gostava de me ver gemer pra ele, por ele. Assim que gozei, meu quadril começou a tremer levemente, pois Fernando ainda estava dentro de mim e por sua expressão, estava longe de acabar.
- Vamos trocar? – perguntei com a voz falha. Fernando emaranhou seus dedos em meus cabelos, enfiando minha cabeça entre seu ombro e o sofá, da mesma forma que eu tinha feito antes para que agora colocasse os lábios em meu ouvido.
- Cavalga no meu pau, amor – disse num tom baixo de ordem. Ele provavelmente queria me matar. Fernando puxou-me com tanta pratica que agora eu já estava sobre seu corpo, ajeitando-me e enfim quicando. Apoiei minhas mãos sobre seu tórax e em certos momentos, inclinava-me e beijava-o. Suas mãos estavam sobre minhas coxas, apertando-as. Certas vezes, Fernando dava-me tapas ardidos enquanto fechava os olhos. Quando encarei nossos corpos, notei que fagulhas formavam-se aos nossos toques. Eu deveria estar muito louca, pois era como o início de um fogo. Por curiosidade, inclinei-me novamente e acariciei o rosto de Fernando em meio os movimentos do meu quadril. Sim, nossos toques continham fagulhas. Sorri ao ver essa imagem curiosa e como se fosse combinado, Fernando abriu os olhos e sorriu. Beijei-o com tanta voracidade que fiquei sem fôlego. Eu já não podia sentir meu corpo, pois provavelmente tinha gozado umas três vezes. Meus gemidos agora mais pareciam calafrios. Meu corpo todo tremia sobre o de Fernando. Assim que ele percebeu isso, mudou nossa posição de forma rápida, ficando sobre mim. Fernando envolveu-me com seus braços longos, para que pudesse penetrar-me mais a fundo e com mais rapidez. Ele urrava aos meus ouvidos, enquanto meus gemidos mais pareciam gritos, secando minha boca por completo. Eu não sabia o que fazer, apenas mordia a pele de seu ombro em quando recuperava meu fôlego. Não conseguia controlar meu corpo, que retorcia sob o de Fernando. Ele desceu suas mãos pela lateral de meu corpo enquanto diminuía gradativamente a velocidade. Assim que Fernando gozou, pude sentir meu corpo amolecer. Ele beijou-me lenta e docemente até que decidiu libertar-me e encarar-me com seus olhos castanhos, agora no tom habitual.
- Você não aguenta nada – disse num tom brincalhão, fazendo-me rir. Eu não tinha energia nem ao menos pra fazê-lo direito.
- Ou é você quem tem demais – conclui. Peguei minhas roupas e vesti, enquanto Fernando fazia o mesmo. Eu não queria nem ao menos tomar banho, minha única vontade era de dormir – Eu estou dizendo... Um dia você me mata – disse ao aninhar meu corpo ao de Fernando e em troca ganhei uma risada calorosa, como um dia de verão. Fernando nos cobriu. Sua mão impaciente ergueu minha camisa até os meus seios, e seus dedos gelados começaram a percorrer minhas costelas, fazendo desenhos abstratos. A respiração de Fernando e a programação da tv foi ficando cada vez mais baixa, até que adormeci.

- Só faltam essas agora – a voz de Fernando ficava cada vez mais alta até que acordei por completo – Vou chamá-la. Leve minha moto que eu preciso do seu carro, pois ela vai pegar coisas na casa da mãe dela.
- Onde estão as chaves? – perguntou Rogério – Ok, até mais – e a porta foi fechada.
- Dormi demais? – perguntei num tom mole, esfregando os olhos.
- Umas 6 horas, mas você precisava descansar... – disse ao sentar-se – Suas roupas já estão no carro, agora você precisa pegar suas coisas na casa da sua mãe... – disse delicado, acariciando meu rosto.
- Você ainda não me disse pra onde nós vamos – disse num tom infantil.
- Nós vamos morar morro – disse sorrindo. Pra um bandido, a favela é o lugar mais seguro.
- Então, nada de “Alison”?!... – perguntei sorrindo. “Alison” era o nome falso de Fernando. Ele usava esses documentos quando precisava alugar casas, ou qualquer coisa do tipo, até mesmo pra falar ao celular.
- Nada de “Alison” – disse acariciando-me.
Resolvi tomar um banho decente, lavar os cabelos, colocar uma roupa confortável, pois eu teria que limpar nossa nova casa hoje mesmo, e é claro, não pude deixar de cobrir bem os roxos com maquiagem.
Assim que Fernando estacionou o carro, pude sentir minha jugular pulsar mais forte. Desci do carro e toquei a campainha. Fernando mais apertava minha mão do que segurava.
- O que você está fazendo aqui? – a pessoa que eu mais odiava perguntou-me com uma expressão soberba ao abrir o portão.
- Vim pegar minhas coisas – disse entrando sem ao menos encará-la.
- VOCÊ NÃO VAI MORAR COM ELE – gritou, mas eu nem dei importância, chegando rapidamente em meu quarto e enfiando minhas roupas e objetos pessoais de qualquer jeito em sacos de lixo – JÁ DISSE QUE VOCÊ NÃO VAI – puxou o saco de minha mão. Eu estava começando a perder a paciência.
- Solta – rosnei ao puxar o mesmo, entregando à Fernando que observava a cena. Continuei com o segundo (e último saco) – Vamos – disse caminhando junto de Fernando até a saída.
- EU TE PROIBO! VOCÊ NÃO VAI – gritou num tom asqueroso, puxando-me pelos cabelos. Ela foi longe demais. Soltei o saco plástico, e não pude mais controlar minha raiva.
- VOCÊ CALA A TUA BOCA! – gritei praticamente enfiando meu dedo indicador em seu rosto – EU JÁ TENHO O DIREITO SIM! EU SOU LEGALMENTE LIVRE PRA IR – nesse momento toda minha vida passou por meus olhos. Lembrei-me de como já fui humilhada por ela. Todas as surras não merecidas. E logo eu estava com os dedos em seus cabelos, puxando-os com toda minha força – MALDITAAAA!!! – gritei quando lágrimas malditas escorreram por minhas bochechas.
- PARE COM ISSO! – Fernando gritou, mas eu não me importei. Agora eu estava sobre seu corpo, arranhando-a e dando tapas ardidos em sua face. Ela tentava se proteger como podia. Eu me sentir cinco vezes mais forte que o normal – CHEGA! – gritou ao agarrar-me e erguer-me pela cintura. Eu me debatia em seus braços largos e fortes.
- ME SOLTA! – gritei ao tentar livrar-me de seus braços – É HOJE QUE EU MATO ESSA FILHA DA PUTA – ela se levantou do chão.
- VAMOS AGORA – Fernando gritou severamente. Eu cedi aos poucos, juntando do chão o saco e encarando-a. Era possível notar os vergões em seu rosto, e logo segui junto de Fernando. Assim que entrei no carro, soube que nunca mais precisaria voltar. Nunca.
- Ei... – disse ao abraçar-me sem soltar o volante – Vai ficar tudo bem... Você nunca mais vai precisar voltar pra lá – disse calmamente.
- Vai sim – respirei fundo e forcei um sorriso. Eu sabia que uma nova fase começaria na minha vida, mas por mais que não me importasse ou a amasse, era... Complicado.
- Ei... – disse num tom de voz animado. “Obrigada”, pensei assim que Fernando mudou de assunto – O pessoal vai colar lá – disse olhando-me com um sorriso estonteante – A Sara, a Letícia... – voltou sua atenção à pista.
- Vai ser bacana, então – disse sorrindo. Sentia falta de Letícia. Ela e eu estamos namorando firme, então não nos vemos a algumas semanas – Amor... – fiz uma cara estranha ao lembrar-me – Como que você levou todos os móveis pra lá se só decidiu mudar-se hoje? – Fernando me encarou com uma expressão de “Fazendo mágica, meu anjinho”.
- Eu tinha uma noção pra onde iriamos, então os rapazes me ajudaram com a mobília.
- E o Marcelo? – quando dei-me conta da besteira que fiz, já era tarde demais. Fernando endireitou-se no banco.
- Ele não pôde ir para o hospital... – claro, pois ele era um bandido – Mas nada que remédios e descanso não curem aquele filho da puta – sorriu.
Fernando agora dirigia rumo ao topo do moro. Eu conhecia bem esse morro, já tinha transado, fumado e dançado por várias noites nesse paraíso. Me pergunto como não conheci Fernando antes, pois sempre frequentávamos e tínhamos os mesmos amigos.
- Eu sei que é clichê, mas quero fazer isso – disse assim que estacionou o carro. Seus olhos brilhavam e pude matar a charada no mesmo momento. Fernando saiu do carro e abriu a porta pra mim, pegando-me no colo e adentrando a residência, que já estava aberta. Fernando não era do tipo romântico, e quando era, era um tanto brega. Ri de meus pensamentos, pois eu não me importava com esse tipo de cerimonia.
- Ah, que meloso! Pelo amor de Deus, Fernando, pare de boiolice! – disse Miguel, que carregava duas caixas.
- Deixe-me ser boiola e amar minha princesa – disse ao colocar-me no chão e apertar-me contra seu corpo, dando-me um selinho. Senti que corei no mesmo instante – Fala, amor! Diz pra eles como eu sou boiola na cama – Eu gargalhei – Na verdade eu sei que você está com ciúmes e quer que eu te carregue também – disse ao libertar-me e pegar algumas caixas, levando-as até a cozinha. Pude olhar melhor o local. Era simples e arrumado. Simples o suficiente para não chamar a atenção de policiais, e arrumado o suficiente pra nos dar conforto. Eu sabia que Fernando tinha bastante dinheiro, mas nunca me importei com isso. Ele também não era uma pessoa luxuosa, ele apenas gostava de motos e roupas de marca. Minha vida seria assim pra sempre. Era bom viver feliz fumando maconha e temendo as sirenes. Quando conheci Fernando, só me importava com o momento, mas isso ia mudando aos poucos a cada dia. Quando a gente começa a amar, a gente se preocupa e com isso apenas queremos o melhor pra quem amamos.

Eu já tinha jogado água no quarto e banheiro e ambos já estavam arrumados. Agora só faltava a cozinha e sala, mas isso eu faria amanhã.
- Amor, você tempera essa carne? – perguntou-me Fernando ao mostrar-me a sacola que ele havia trazido do mercado. Assenti enquanto ele pegava cerveja na geladeira.
- Pode deixar que eu tempero – disse Sara ao adentrar a cozinha e pegar a mesma – Vai aproveitar a noite  - disse piscando pra mim – Você e ele merecem isso.
- Não, Sara. Que isso... Está tudo bem...
- Vai... – interrompeu-me – Vai comer algo e dançar um pouco. Eu já bebi demais.
E assim seguiu-se a noite. Fernando e eu dançamos agarrados. Pude conversar por algumas horas com Letícia. Bebemos, fumamos e rimos até que ficou frio demais.
Assim que Fernando trancou a casa e deitou-se ao meu lado, pude ver seu semblante feliz na luz fraca.
- Vem cá... – disse puxando-me. Ele estava tão quente mesmo só de boxer. Apertei seu corpo, sentindo cada detalhe. Parecia que ele ficava mais forte a cada dia, e era de fato necessário, pois agora ele fazia mais assaltos e sequestros relâmpagos.
- Eu me sinto como uma garota virgem de 15 anos – disse num tom convincente. Fernando gargalhou.
- Por que isso? – encarou-me – Quer que eu tire sua cabaça, é novinha – sussurrou em meu ouvido, arrepiando-me – Me diz o que você está pensando...
- Eu não te conheço... – chacoalhei a cabeça em negação – Não é isso... É que ficar com você é imprevisível – disse jogando meus baços em seu pescoço e beijando-o. E em pouco tempo só era possível ouvir nossos gemidos.



quarta-feira, 17 de abril de 2013

(cap4)



[...] Fernando apertou-me contra seu corpo. Virei minha cabeça ao máximo para beijá-lo. Suas mãos subiram por meu corpo. Uma delas estava entre minha garganta e maxilar enquanto a outra estava em minha barriga. Minhas mãos estavam entrelaçadas nas de Fernando. Nossos beijos foram intensos desde o começo. Nossas línguas moviam-se com impaciência e sincronia. Seu perfume deixava-me cada vez mais embriagada. Não seria possível viver sem Fernando ao meu lado, sem suas mãos, sem seu hálito quente soprando em meu pescoço, sem seus olhos, sem sua proteção, sem seus mistérios... Cada vez mais o fogo da excitação expandia-se por meu corpo dificultando minha respiração. Meu corpo vibrava ainda mais por agora tocar uma música com um instrumental extremamente sexy, assim interrompendo nosso beijo, fazendo com que meu corpo encaixasse perfeitamente no de Fernando, e ambos nos movimentávamos com tamanha sensualidade durante a dança que parecia que a música nos seguia, e não o contrário.
 Fernando emaranhou seus dedos em meus cabelos com um tanto de brutalidade. Ele distribuía beijos e mordidas em meus ombros – talvez tenha sido por isso que ele escolheu um tomara que caia – fazendo-me arrepiar. Eu era apenas dele e ele era meu. Nossos troncos se separaram um pouco, mas nossos quadris continuaram grudados durante a dança. Eu pude sentir seus olhos em meu corpo enquanto ele apertava meu quadril contra o dele, assim fazendo com que eu me esfregasse ainda mais nele, fazendo-me lembrar de seu sexo selvagem, profundo e gostoso.
Assim que Fernando libertou meu corpo, ergui minha cabeça e pude ver Marcelo. Ele disse algo no ouvido de Fernando e o mesmo arregalou os olhos. Sua expressão continha inúmeros sentimentos: susto, ansiedade, raiva... Principalmente raiva. Suas sobrancelhas estavam unidas e seu maxilar contraído, porém eu mesmo sabendo que a situação não era boa não pude deixar de admirar sua beleza exorbitante.
- Fique aqui – rosnou pra mim sem ao menos encarar-me e seguiu pra fora.
Eu até que pude esperar por alguns – longos 3 minutos – mas o medo não deixava meu corpo, fazendo com que eu seguisse o mesmo caminho que Fernando tinha feito com seus passos largos e pesados.
- VOCÊ TÁ PENSANDO QUE É QUEM, SEU RAMELÃO DO CARALHO – Fernando gritava e gesticulava nervosamente com um rapaz magro um tanto mais baixo que ele. Meu coração disparou quando o revólver cromado reluziu em sua mão sob a luz fraca dos postes elétricos – VOLTA PRA SUA QUEBRADA E DIZ PRO SEU PATRÃO ENFIAR ESSE CINCO MIL NO MEIO DORABO DELE! – ele metralhava as palavras para o garoto que tentava se explicar quando Fernando parava pra tomar mais ar – VOCÊ CALA A TUA BOCA, PIVETE! OU QUEM MORRE É VOCÊ! – disse ao chocar seu peito contra o do rapaz que agora recuava.
- EPA! CALMA AÊ – interveio um segundo homem na briga com uma voz ameaçadora, pondo-se entre Fernando e o garoto. Só agora dei-me conta da quantidade de pessoas que estavam na rua. Havia umas 15 pessoas, entre elas os que eu conhecia – VOCÊ NÃO PODE...
- CALMA AÊ A PUTA QUE TE PARIU, SEU ARROMBADO! EU TÔ NA MINHA QUEBRADA E VOCÊ VEM TIRAR O MEU SOCEGO POR COBRANÇA ATRASADA E AINDA NÃO PAGA TUDO?! – disse interrompendo-o. A voz de Fernando falhou no fim da frase por não ter mais ar de tanto que gritava enfurecido – E AINDA POR CIMA TRÁZ VÁRIOS ZÉ RUELAS PRA EU ME SENTIR INTIMIDADO? – cuspiu as palavras com uma cara de nojo e insatisfação - ENTÃO MANDA UM RECADO PRO SEU CHEFE, LAZARENTO... – apontou a arma para o primeiro garoto e atirou sem pena alguma, apenas piscando os olhos com o barulho.
Durou apenas alguns milésimos – mas que pareciam minutos – até que todos dessem conta do que havia acontecido, e então iniciou-se a guerra.
Enquanto o sangue escorria pelo buraco da bala no meio da testa do garoto, Fernando brigava com fúria e ódio. Nunca vi alguém brigar como ele. Seus socos derrubaram o segundo homem em poucos segundos, fazendo-o socar o próximo que cruzasse seu caminho. Enquanto Fernando surrava um homem que estava quase desmaiando, um terceiro veio pelas suas costas e apontou uma automática em sua cabeça. Ele teria matado Fernando, mas minha reação foi tão rápida que quando dei-me conta já estava lutando contra ele, que era pelo menos quatro vezes mais forte que eu, dando-me apenas a opção de descarregar o pente mirando o nada. Assim que Fernando deu-se conta da situação, deu uma chave de braço no homem que agora estava no chão e assim Fernando partiu pra próxima briga. Ao olhar pra frente, vi Marcelo desmaiado enquanto um homem o segurava e outro dava socos em seu estômago. Eu não pensei duas vezes ao mirar o revólver que por milagre ainda tinha munição. Ao largar Marcelo, o homem que o segurava me encarou com os olhos arregalados, mas era possível ver a fúria em sua expressão. Ele veio até mim e deu-me uma bofetada tão forte que cai. Meu ouvido fazia um barulho agudo e eu pude sentir a área ficar alta. Ele agora estava sobre mim e suas mãos em meu pescoço. Minha língua pulou pra fora da minha boca. Minha garganta doía tanto e pude sentir o sangue pulsar e parar em minha cabeça. Eu lutava pra manter meus olhos abertos e sugar o mínimo de ar possível até que os olhos furiosos do homem que me enforcava, ficassem sem brilho. A bala que provavelmente tinha atingido sua nuca saiu por sua bochecha, respingando sangue em meu rosto. Eu nem me importei quando seu peso atingiu meu corpo, apenas jogando-o pra qualquer lado. Eu tossia tanto que tive vontade de vomitar. Minha garganta queimava. Fernando me pegou no colo e então tive noção de que a briga tinha acabado. O restante tinha fugido.
Fernando me levou pra casa de Rodrigo e assim que ele me deitou num dos sofás, voltou pra rua. Eu ainda estava com uma dor insuportável na garganta e minha cabeça latejavam. Fiquei deitada por alguns minutos, esquecendo-me de meu corpo, até que levantei e sai da residência.
- A gente cuida desse aqui – disse Rodrigo enquanto carregava um dos corpos com a ajuda de um amigo.
- Cadê o Fernando – perguntei à Alessandra que estava chorando.
- Foi até o terreno dos fundos fazer uma fogueira pra queimá-los – disse ao tomar fôlego. Meus olhos congelaram quando vi o homem que tinha matado. Eu sempre fui briguenta. Já mandei várias garotas para o hospital, mas nunca tinha matado alguém. Eu não sentia pena do homem que havia morrido... Ou era um deles, ou um dos nossos. Porém é estranho, não dá pra descrever o que se sente quando se mata pela primeira vez. Mas foi necessário. “Foi necessário”, disse pra mim mesma, confortando-me.
A música ainda tocava. Por sorte, nós estávamos afastados da cidade e apenas algumas pessoas perceberam a briga, porém todos que estavam no local eram bandidos, então não haveria polícia. Alguns minutos se passaram até que meu coração relaxou assim que vi a silhueta de Fernando – que saía do terreno baldio até a rua mal iluminada – ficar cada vez mais nítida.
- Como você está? – perguntou suavemente tocando em meu rosto, levantando-o de leve e olhando meu pescoço.
- Já vi e senti coisas piores – disse forçando um sorriso e isso o fez semicerrar os olhos – Nós já podemos ir pra casa? – perguntei com um tom de manha na voz.
- Claro – disse e respirou fundo.
Nós nos despedimos de todos e seguimos para nosso apartamento. Fernando não fiz nenhuma graça com a moto dessa vez, apenas pilotou o mais rápido possível, chegando em tempo recorde.
Quando chegamos, fui à cozinha e tomei analgésicos e caminhei até o quarto e Fernando me seguiu. Ele tirou sua roupa e deitou apenas de boxer, cobrindo-se por conta do frio.
- Ei, vem cá – disse dando tapinhas no colchão, indicando pra que eu deitasse com ele e assim o fiz. Não me importei em tirar a roupa, pois estava cansada demais – Não vai trocar de roupa? – perguntou ao abraçar-me por trás, sussurrando em meu ouvido. Seu tom de voz era gentil, mas era possível notar que ele se esforçava pra isso. Eu apenas balancei a cabeça em negação, aconchegando-me em seu corpo. Nós ficamos alguns minutos em silêncio até que ele voltou a dizer – Tire essa roupa. Não é bom dormir de jeans. Meu nariz começou a pinicar e minha bochecha queimava.
- Por que você teve que atirar nele? – disse ao encará-lo – Nada disso teria acontecido se você não tivesse atirado nele... Você poderia te feito de outra maneira...
- Você sabe o que eu sou e o que eu faço – interrompeu-me grosso e soltando-me – Não te devo explicações! – cuspiu as palavras em minha cara, fazendo com que eu perdesse o rumo. Ouvir aquilo foi como levar uma facada. Não pude evitar que duas lágrimas escorressem por meu rosto, mas logo o medo e decepção foram tomados por raiva.
- VOCÊ CALA A SUA BOCA, SEU BABACA! – grite com ódio, fazendo-o ficar surpreso com minha reação. Eu não queria gritar com ele, muito menos brigar, mas foi necessário – EU SEI O QUE VOCÊ É E O QUE VOCÊ FAZ. EU ESCOLHI TE AMAR MESMO ASSIM, SEU IDIOTA!, MAS EU NÃO TENHO NENHUM SANGUE FRIO PRA NÃO ME IMPORTAR SE VOCÊ MORRESSE DIANTE DOS MEUS OLHOS – respirei fundo tomando ar e concretizando meu conceito – AINDA MAIS SE MORRESSE POR ALGO QUE PODERIA SER EVITADO – levantei-me da cama com fúria e caminhei até o banheiro, deixando-o com uma expressão vazia. Talvez ele estivesse digerindo o que eu disse.
Eu tirei minhas roupas com calma e cansaço e adentrei a área do banho. Deixei que meu corpo relaxasse e com coragem fechei o registro depois de alguns minutos.
Assim que abri a porta do banheiro, o ar gelado fez meu corpo estremecer. Caminhei rapidamente até o guarda-roupa, pegando uma camiseta velha qualquer e vestindo-a.
- Desculpe – a voz grossa e sincera de Fernando ecoou pelo cômodo (o que parecia estranho, pois o mesmo não era tão grande e sua voz não era tão alta, ou talvez sua voz tenha apenas ecoado em minha cabeça) eu encarei-o – Você não tem culpa por pensar dessa maneira – continuou enquanto eu caminhava até ele que estava agora sentado, coberto apenas até a cintura, seu tórax exposto ao ar frio da madrugada fez com que eu pensasse em como ele não sentia frio.
- “Você não tem culpa por pensar dessa maneira” – sorri ao repetir docemente sua frase – Eu... – deitei-me ao seu lado e aninhei-me ao seu corpo – Eu apenas te amo demais... Tive tanto medo em te perder quando vi aquele sujeito apontando uma arma pra sua cabeça – Ele respirava pesado – Se eu não estivesse lá, você poderia estar morto agora.
- Mas não estou – disse firme, porém calmo. Seu tom era de proteção, ele estava tentando me acalmar.
- Eu te amo de qualquer maneira, meu amor – disse segurando seu rosto – Eu amo suas qualidades e defeitos, te amo incondicionalmente e sei que essa não é a ultima vez que algo assim possa acontecer, mas... – respirei fundo – Eu nunca vou perder o medo de te perder – Fernando me olhou tristonho. Seus olhos estavam num tom castanho claro, porém opacos.
- Me desculpe por brigar com você por isso – disse segurando meu rosto – Eu não estou acostumado com isso... Que me amem ou que se importem comigo – ele colocou suavemente uma mecha de cabelo meu atrás da orelha – Eu vou tentar ser mais paciente, mesmo quando estiver nervoso.
- Eu não sou uma criança, Fernando – disse sorrindo em deboche fazendo-o sorrir. Ele as vezes fazia com que eu me sentisse ser uma pivete desmamada, mas seu sorriso deu lugar à sobrancelha franzida e maxilar contraído quando suas mãos chegaram em meu pescoço.
- Me perdoe por ter deixado que aquele filho da puta encostasse em você – disse entredentes. Era possível ver a sinceridade em seu olhar – Ele mereceu ir para o inferno.
- Não precisamos mais falar sobre isso – disse gentilmente. Eu estava começando a ficar com sono, mas Fernando me fez mudar de ideia quando começou a distribuir beijos suaves em meu pescoço.
Geralmente, Fernando e eu fazíamos sexo sem pensar ou se importar com o amanhã, mas dessa vez foi diferente. A forma com que ele me apertava contra seu corpo, o jeito que seus dentes puxavam a pele de meus ombros e colo, a lentidão de nossos gemidos abafados e contidos, os carinhos que ele fazia em meu rosto enquanto estava sobre meu corpo, as inúmeras vezes em que ele apoiou sua testa na minha e sussurrou que me amava enquanto me penetrava profunda e lentamente... Lento. Era como se o mundo tivesse parado para que nós nos amássemos, mas pela última vez. O fogo que nós geralmente tínhamos tinha sido substituído por um sentimento gélido e excitante que eu não conseguia descrever, porém este também era prazeroso, era especial. Pela primeira vez nós nos importamos com o amanhã. Assim que Fernando me levou ao paraíso e gozar, deitou ao meu lado. Um pouco menos dolorida – devido ao efeito do analgésico – Fernando abraçou-me por trás e começou a cantar uma doce cantiga de ninar ao pé do meu ouvido, deixando-me sonolenta até que cedi ao pedido do meu corpo, fechando os olhos, sentindo minha consciência cada vez mais longe de meu físico. 
Assim que acordei, estiquei minhas mãos pela cama à procura de Fernando, encontrando apenas lençóis e cobertores. Levantei-me e fiz minha higiene. Resolvi não lavar o cabelo por conta do frio, pois ainda estava com preguiça demais para secá-lo com a ajuda do secador.
Ao trocar-me e sair do cômodo, encontrei Fernando empilhando algumas caixas perto da porta.
- Por que disso? – perguntei curiosa.
- Vamos nos mudar – disse ao lacrar outra com fita – A propósito, bom dia – disse vindo até mim e dando-me um caloroso beijo. Suas mãos deslizaram por meu corpo e entraram por de baixo de minha camisa, arrepiando minha pele de forma gostosa ao sentir seu toque gélido.
- E pra onde nós vamos? – sorri, ansiosa com a ideia. Fernando beijou-me lenta e profundamente, puxando meu lábio inferior no fim. Eu apalpei seu corpo, notando melhor seus músculos. Nos últimos meses, Fernando tem trabalhado seu físico. Aos meus olhos era impossível que ele ficasse ainda mais gostoso, mas pelo jeito eu estava redondamente enganada.
- Ainda tenho que ver isso – ele apertou nossas pélvis uma contra a outra – Vem... Fiz seu café.


sábado, 13 de abril de 2013

Leia-me

Oi, sou a Carol.
Gostaria de dizer que eu tenho boas ideias pra esta história, porém eu sou extremamente detalhista – pois eu amo descrever cada cena para que o leitor possa realmente ter a sensação de viver a história – e é um tanto complicado ter a semana toda livre pra poder escrever, mas estou fazendo o possível.
Espero que gostem. Aos poucos, acho que vocês irão identificar-se com "Na alegria e na tristeza".
Obrigada e beijinhos ;*

(cap3)

(QUATRO MESES DEPOIS)

- Já chega! – gritei o mais alto possível. Pude sentir que todo me corpo pegava fogo! A raiva dominava-me de tal forma que pude sentir meus cotovelos tremer. Por um segundo, eu quis revidar, mas algo impediu. Uma força mística fez com que eu caminhasse em passos largos e pesados até meu quarto. A fúria ardia em minha garganta, mas eu não conseguia gritar. Quando olhei meu rosto do espelho, pude ver a marca dos cinco dedos de minha mãe. Algumas lágrimas escorreram até que eu me acalmasse. Logo, vi meu celular na cômoda.
- Alô – disse Fernando no seu tom habitual.
- Amor... – assim que ouvi sua voz, senti meu nariz e bochecha pinicarem. As lágrimas rolaram em meu rosto – Eu...
- Que foi? O que aconteceu? – perguntou assustado.
- Eu não aguento mais ficar aqui. Ela passou dos limites – minha voz saia mais fina que o habitual. Eu estava com tanta raiva – Pelo amor de Deus, posso passar a noite aí?
- É claro que pode – disse calmamente - mas eu estou resolvendo alguns assuntos, então eu te busco em uma ou duas horas...
- Não – o interrompi um pouco ríspida. Não poderia ficar tanto tempo esperando– eu vou agora.
- Você quem sabe, amor – ele fez uma pausa – você sabe onde fica a chave. Olha, preciso desligar... Eu amo você – disse num tom mais baixo, mas sincero.
- Eu amo você – desliguei no mesmo momento e levantei-me num tiro e enfiei algumas roupas numa mochila.
- Aonde você vai? – perguntou-me a pessoa que eu mais odiava em minha vida num tom de deboche, mas não dei-me ao trabalho de responder, dando-lhe as costas e seguindo até a porta, que bati com toda força.
Minha respiração era pesada. Abaixei minha cabeça deixando que meus cabelos cobrissem a lateral do meu rosto seguindo até o ponto de ônibus e não demorou muito até que o mesmo chegasse. Como já era tarde, não havia lotação, assim pude ranger os dentes ou até mesmo murmurar algumas pragas sem me preocupar se alguém estava me olhando.
Assim que cheguei, peguei a chave na portaria e subi o mais rápido possível – eu precisava de Fernando. Seu corpo quente, grande, denso...  Eu precisava que seus braços me envolvessem e me apertassem até que minha respiração voltasse ao ritmo usual – quando girei a maçaneta e adentrei a sala fria, pude sentir que o alivio estava entorpecendo meu corpo aos poucos.
Caminhei até a sala de tv, onde liguei a mesma e deixei num canal de culinária. Segui até o quarto de Fernando, que era praticamente nosso, onde esvaziei minha mochila e pendurei minhas roupas no armário. “Logo ele estará aqui comigo”, pensei ao caminhar até a sala. Ao sair do cômodo, percebi que sorria. Estar com Fernando era como mergulhar num buraco escuro, não se sabia se era fundo, raso, ou se ao menos tinha fim. Fernando era intenso, caloroso. Era impossível não se apaixonar por um homem tão místico. Seus toques... Beijos... Mordidas... Tudo que ele faz, tudo que ele é me enlouquece. Eu preciso dele.
Joguei-me no sofá e aguardei calmamente até que pude ouvir o maravilhoso som da chave de Fernando abrir a porta. Acomodei-me no sofá para que ele pudesse sentar perto de mim.
- Como você está? – perguntou docemente ao sentar-se do meu lado e passar as pontas de seus dedos na minha bochecha. Seus dedos percorreram o mesmo caminho das lágrimas. “Não tinha sentido chorar” pensei. “Só teria sentido chorar por Fernando”.
- Nada mais importa – puxei-o com tanta força que ele desequilibrou, caindo em cima de mim.
Fernando apertou-me contra o sofá. Ele enfiou suas mãos por debaixo da minha jaqueta e camiseta, apertando a lateral quente de meu corpo. Seu toque frio era excitante. Era tão bom como beijar depois de tomar sorvete. Seus beijos eram fogosos, precisos e apaixonados. Era como se o tempo estivesse parado para que nós nos amassemos. Fernando apoiou-se no sofá, encarando-me.
- Que foi? – perguntei ofegante. A curiosidade tomara conta de mim. Seus olhos eram infantis e profundos.
- Vem morar comigo – disse num tiro, surpreendendo-me. Senti um fogo arder em minha garganta – Amor... Você já é minha e não tem motivos pra continuar vivendo com sua mãe – disse sorrindo malicioso. Acho que ele pensou “sexo 24 horas por dia, todos os dias” – Eu quero te amar todos os dias – sussurrou em meu ouvido.
- Venho – disse ao arrepiar-me. Puxei seu lábio inferior com meus dentes – Eu te amo demais... Ninguém nunca cuidou de mim como você – disse acariciando sua nuca.
Fernando mudou nossa posição, sentando na outra ponta do sofá e puxando-me pra si, fazendo com que eu ficasse por cima, encaixando minhas pernas em volta de seu corpo.
- Sou eu o bandido, mas foi você quem roubou meu coração – disse sério ao emaranhar seus dedos em meus cabelos. Os pelos de meus braços se arrepiaram. Fernando puxou-me pelos cabelos, colocando deus lábios em meu ouvido, sussurrando – Quero te levar pra dançar - ele fez uma pausa para tomar ar – Eu quero que você dance pra mim – em seguida passou a ponta de sua língua em meu pescoço. Ele colocou meus cabelos para um lado, deixando meu pescoço livre para que seus beijos percorressem a área. Suas mãos agora quentes me apertavam com tamanha força que chegava a doer. Eu o amava tanto que meu coração doía apenas de estar no mesmo cômodo que ele.
- Eu vou me arrumar – disse controlando-me. Minha vontade era ficar nua sobre seu corpo.
Ele respirou fundo, contendo-se e assentindo em seguida. Sua expressão de decepção me fez sorrir. Dei um beijo em sua testa, levantando-me e caminhando até o quarto, entrando no banheiro.
Fechei a porta para que o ar frio não entrasse. Desci o zíper da minha jaqueta, pendurando-a em um dos ganchos que havia na parede. Encarei-me no espelho. Meus olhos estavam um pouco avermelhados e cansados, mas meu sorriso era triunfante. Despi-me tranquilamente, assim feito adentrei a área do banho. Quando a água quente caiu em minha cabeça, escorrendo deliciosamente pelo meu corpo, o mesmo relaxou tão suavemente que pendi minha cabeça, fitando meus pés sem pensar em nada. Olhei para o lado, pegando o sabonete e passando-o em meu corpo, em seguida lavei meu cabelo. Enquanto massageava-o a porta se abriu, trazendo com ela um ar gelado.
- Não achou que iria tomar banho sozinha, achou? – perguntou sorridente ao fechar a porta atrás de si. Assim que ele despiu-se e caminhou até mim, eu abracei-o para que a água também pudesse aquecê-lo.
- Você não me larga nem no banho – disse fingindo decepção ao encaixar meu queixo entre seu pescoço e ombro.
- Principalmente no banho – disse num sussurro safado e deslizando suas mãos que estavam em minhas costas até meu quadril, apertando-o de leve.
- Você é a pessoa que mais pensa em putaria – disse num tom brincalhão, fazendo-o rir.
Fernando prensou-me na parede, porém não pude deixar de fazer uma careta, pois a mesma estava extremamente gélida.
- Desculpe – disse envergonhado, levantando-me e encaixando-me em sua cintura na mesma hora. Meus braços e pernas envolveram seu corpo.
Fernando segurava-me firmemente contra seu corpo enquanto encarava-me. Acariciei seu rosto, fazendo-o fechar os olhos. Sua expressão era tão doce que nenhuma pessoa poderia imaginar que ele tivesse um lado frio o suficiente para matar alguém. Mas eu não me importava. Eu gostava de Fernando com suas qualidades e defeitos. Na verdade, eu amava o lado sombrio e desconhecido de Fernando.
Fechei meus olhos e aproximei meu rosto do seu lentamente, beijando-o sutilmente, acariciando seus cabelos molhados. Fernando colocou lentamente sua língua em minha boca, que ao se encontrar com a minha, faziam movimentos sincronizados. Nossos rostos encaixavam-se e movimentavam-se tão perfeitamente como se um adivinhasse o pensamento do outro. Meu corpo começou a ficar tão quente como a água que caia sobre nós. O tesão fez com que ambos acelerássemos os movimentos calorosos de nossos beijos. Minhas mãos desceram as costas de Fernando, onde meus dedos apertaram sua pele macia. Fernando não tirou suas mãos de meus quadris, mas ele apalpava-os e apertava-me contra seu corpo com tanta força e ferocidade que isso era tão excitante quanto qualquer outra coisa que ele o fizesse. Minha pele agora ardia, pois meu homem mordia toda a volta do meu maxilar enquanto uma de suas mãos estava no meio de minhas costas, prensando-me ainda mais contra seu corpo. Fernando afastou-me um pouco para que seus beijos – agora acompanhados de mordidas – descessem até meu colo. Fernando ergueu-me ainda mais, fazendo com que sua cabeça fixasse entre meus seios. Ele os beijava e sugava, fazendo meu coração disparar. Eu não consegui evitar. Enverguei meu corpo pra trás, poiando minha cabeça na parede, deixando minha coluna rígida e agarrando seus braços. As mãos de Fernando estavam na lateral do meu corpo, segurando-me firmemente. Fernando inclinou seu troco até mim para que seus lábios pudessem alcançar meus seios. Eu observava cada movimento seu. Ele passou a ponta de sua língua em torno de um dos meus mamilos, descendo até o começo de minha barriga. Seus olhos estavam fechados, mas os meus estavam bem abertos. Seus dentes puxavam a minha pele, fazendo-me morder meu lábio inferior. Eu podia sentir minha expressão. Sentia que meu rosto transbordava luxúria, prazer e curiosidade. Seria perigoso separar ainda mais nossos corpos, pois Fernando poderia escorregar. Eu uni meu tronco ao seu para que ele me colocasse de volta ao chão. Assim que prensei seu corpo contra o meu, minha respiração falhou ao sentir seu membro já rígido. Uni nossos lábios enquanto desci uma de minhas mãos até seu membro, apertando-o de leve, fazendo Fernando soltar o ar num gemido abafado e grave. Eu queria senti-lo dentro de mim o mais rápido possível. Fernando colocou suas mãos sobre minha cintura e mordeu o lábio inferior ao pender a cabeça pra trás enquanto eu o masturbava. Seus olhos estavam fechados, desfrutando o momento. Ajoelhei-me e coloquei-o em minha boca. Enquanto chupava-o, Fernando segurou em minha cabeça, emaranhando seus dedos em meus cabelos, puxando-os e guiando-me. Seus gemidos eram um tanto mais altos. Assim que ele chegou em seu limite, Fernando puxou-me rapidamente, levantando-me. Uma sensação familiar tomou conta de mim quando vi seus olhos. Eles estavam naquele tom de fogo que eu tanto amo. Sua expressão era feroz. Fernando foi tão rápido, que quando dei-me conta ele já estava abaixo de mim, erguendo uma de minhas pernas e colocando-a sobre seu ombro, onde a mesma atravessou suas costas. Suas mãos percorriam o caminho de minhas coxas e quadris inúmeras vezes, apertando-os enquanto sua língua e lábios sugavam e lambiam minha intimidade de forma tão lenta e profundo que pude sentir minhas pernas formigarem. Assim que estava à beira do orgasmo, enverguei minhas costas, os músculos de minhas pernas estavam contraídos. Meus dedos puxavam com força os cabelos de Fernando. Não conseguia conter os gemidos, que agora eram mais altos. Assim que gozei, senti minhas pernas amolecerem. Ajoelhei-me e beijei-o com paixão, tendo entre minhas mãos tremulas, sua cabeça. Fernando colocou suas mãos em minha cintura e desceu uma delas até minha coxa, puxando-a pra si. Ele debruçou seu corpo contra o meu, fazendo com que deitássemos. Dessa vez, não me importei com o frio em minhas costas. O tesão era tão grande, que meu corpo estava inúmeras vezes mais quente que a água que caia nas costas de Fernando e respingava em meu rosto. Fernando encaixou-se entre minhas pernas enquanto sua língua brincava com a minha de uma forma fogosa e tentadora. Suas mãos seguravam meu maxilar e pescoço e então ele finalmente estava dentro de mim. Fernando investiu desde o início fazendo-me gemer alto. Ele urrava enquanto encarava-me. Seus olhos flamejados esbanjavam prazer. Enquanto ele contornava meus lábios com seu dedão, eu arranhava suas costas sem me importar se deixariam marcas. Ele introduziu seu dedo em minha boca, e eu chupei-o. Fernando envolveu-me para que pudesse penetrar-me mais a fundo. Meu corpo queimava. Minha intimidade ardia devido aos seus movimentos rápidos e profundos. Não havia coisa melhor no mundo do que ser de dele. Fernando afastou-se um pouco para encarar nossas intimidades em meio ao seus movimentos. Era ainda mais excitante ver seu membro penetrar minha intimidade. Ele envolveu meu pescoço com suas mãos, girando os polegares, apertando-o de leve.
- Diz que você é só minha – sussurrou ao encarar-me, deixando seus movimentos mais lentos, como se quisesse me torturar.
- Eu sou só sua – disse com a voz falha. Fernando tinha uma expressão de dar medo em qualquer outra pessoa, mas não em mim – Apenas sua, de mais ninguém – disse num tom prazeroso, pois me faltava ar e isso o fez fechar os olhos, acelerando os movimentos.
Fernando e eu estaríamos pingando de suor se não fosse pela água que caia sobre nós. Ele virou minha cabeça, forçando-me olhar para o lado, enquanto mordia minha orelha. Talvez fosse impossível morrer de prazer, pois Fernando teria me matado, mas eu continuava viva. Mesmo depois que gozei, Fernando ainda investia com força. Meu quadril tremia sob seu corpo. Eu não tinha mais folego. Meus músculos estavam indecisos e eu me retorcia. Eu ergui meu quadril, apoiando-me em meus ombros e cabeça. Fernando agora segurava firme em minha cintura. Parecia que essa posição era ainda mais prazerosa, pois eu podia sentir seu membro penetrar-me ainda mais fundo que antes, fazendo Fernando gozar.
Nós ficamos deitados por alguns minutos até que nos recuperássemos. Eu observei seus olhos voltarem lentamente ao usual tom de castanho claro.
Ao levantarmos, enxaguei melhor meu cabelo e depois caminhei até a parede onde a toalha estava pendurada, enrolando-a em meu corpo, deixando o local para que Fernando terminasse seu banho.
Fazia tanto frio que era possível senti-lo roçar minha espinha. Aprecei meus passos até o guarda-roupa escolhendo algumas peças de roupas. Enxuguei-me rapidamente e aos poucos meu corpo foi acostumando com a temperatura. Logo eu pude vestir-me tranquilamente, pois o quarto de Fernando – agora nosso – era o cômodo mais quente do apartamento.
Eu estava apenas de calça e sutiã quando Fernando abriu a porta do banheiro caminhando até mim, dando um tapa ardido em minha bunda. Não pude deixar de fazer careta.
- Esse jeans te deixa com um bundão, amor... – disse ao segurar meu quadril e abraçar-me por trás. Eu virei minha cabeça o máximo que pude para ver sua expressão marota e maliciosa. O frio parecia não ter efeito nenhum sobre Fernando, pois ele sorria triunfante.
- E essa toalha me irrita – disse virando-me – talvez eu deva puxá-la – agarrei o tecido úmido.
- Eu mesmo puxo – ele disse ficando completamente nu em minha frente – mas eu não vou começar nada que não possamos terminar – disse ao envolver meu rosto em suas mãos – já deveríamos estar saindo daqui – beijou minha testa deu um passo para o lado, escolhendo sua roupa.
Senti que minha expressão era a mesma de Fernando quando o deixei no sofá. Respirei fundo, pensando em algo.
- Qual das duas – disse ao segurar um cabide em cada mão. Numa uma blusa branca e aberta nas costas e verde na frente. Na outra continha um tomara que caia também verde.
- Essa – disse apontando para o tomara que caia depois que vestiu uma camiseta cinza com desenhos abstratos.
Vesti a camiseta e caminhei até o banheiro para secar meus cabelos. Assim feito, maquiei-me sutilmente. Apenas passei lápis nas sobrancelhas e rímel e coloquei no bolso um gloss pêssego. Quando voltei no quarto, Fernando estava deitado na cama, mexendo no celular. Ele encarou-me, percorrendo meu corpo com seus lindos olhos – que brilhavam – umas 4 ou 5 vezes até que levantou-se e agarrou-me.
- Nunca estive tão ansioso pra voltar pra casa e tirar sua roupa – sussurrou em meu ouvido emaranhando seus dedos em meus cabelos.
- Não me provoca – disse calmamente, na tentativa de camuflar meu desejo. Seus olhos eram desafiadores. Fernando era safado e eu tarada. Logo, nunca mais deixaríamos este quarto – vamos logo para que possamos voltar o mais rápido possível – disse sem mover um músculo, pois não tinha coragem de afastar-me de seu olhar. Pensei em como é transar com Fernando e arrepiei-me com a ideia.
- Você verá a provocação quando estivermos dançando e eu apertar seu corpo contra o meu. Você vai implorar pra que eu te coma – disse puxando meus cabelos, fazendo com que eu levantasse a cabeça para encará-lo. Eu tentei beijá-lo e desistir de sair pra dançar, mas Fernando nem ao menos deixou que meus lábios tocassem os dele.
- Ai... Então, vamos logo – disse fazendo manha. Meu tom de voz era tão idiota que o fez rir. Graças a Deus, pois assim ele libertou-me e juntos caminhamos pra fora do cômodo. Em meus braços havia uma jaqueta jeans clara e saltos pretos. Enquanto Fernando caminhava até o outro quarto, trazendo nossos capacetes, eu calcei os sapatos e vesti a jaqueta.
- Toma – disse entregando-me o objeto.

Em poucos minutos estávamos costurando todos os carros, forçando-me a apertar meus braços ao seu redor e ser tão maliciosa em pensar no fim da noite.
Assim que Fernando e eu descemos da moto, alguns homens nos cumprimentaram. Pude reconhecer alguns deles. Pelo menos 4 deles já havia estado no apartamento de Fernando, portanto eles trabalhavam juntos.
- Está tudo tranquilo hoje? – perguntou a Marcelo que assentiu. Eles conversaram alguns minutos enquanto eu conversava com Alessandra, mulher de Rogério – aquele que esteve no primeiro dia em que eu dormi na casa de Fernando.

Assim que entramos Fernando puxou-me pelo pulso. Quando chegamos ao bar ele pediu tequila. Nós bebemos e fomos para um canto mais reservado e menos iluminado. A música estava tão alta que eu podia sentir meus tímpanos tremerem, eu só queria dançar e transar com Fernando, a noite toda.
- Eu te disse que aqui iria ser legal – disse alto o suficiente em meu ouvido assim que abraçou-me por trás. Eu apenas assenti, pois meu corpo estava mole. 


segunda-feira, 8 de abril de 2013

(cap2)




[...] Seus beijos eram vorazes. Ele me mordia e me apertava com tamanha força que era difícil respirar. Uma de suas mãos estava emaranhada em meus cabelos, puxando-os, fazendo com que minha cabeça ficasse levantada. A outra envolvia minha cintura, mas ele a desceu até minha coxa, levantando-a  e apertando-a tão fortemente que era impossível conter os gemidos.  Hora eu arranhava suas costas por debaixo da blusa, hora fincava minhas unhas na pele macia e levemente bronzeada de seus braços.
Fernando descia seus beijos calorosos por minha bochecha, pescoço, colo até chegar em meus seios. Seus dedos abriram o fecho do meu sutiã com muita facilidade, onde logo em seguida estava apalpando um deles enquanto beijava e chupava o outro, causando-me arrepios. Eu estava tão excitada que poderia ter um orgasmo apenas com seus beijos. Fernando arrancou sua blusa e no mesmo momento prensou-me contra a parede e eu apertei minha pélvis contra a dele. Queria sentir seu membro – já ereto – dentro de mim o quanto antes. Fernando ergueu-me pelas pernas, encaixando-me em sua cintura. Enquanto ele caminhava em passos largos até o quarto, eu envergava-me em seu colo para abrir o zíper do meu salto, que saiu com facilidade de meus pés.  A respiração de Fernando era pesada e nervosa. Ele parecia um animal pronto pra me devorar. Ao abrir a porta do quarto e adentrar o mesmo, Fernando jogou-me em sua cama e aos poucos fui arrastando-me para o topo da mesma, enquanto Fernando tirava sua calça e cueca. Eu admirei-o – como havia dito, Fernando não tinha um corpo malhado, mas nenhuma mulher mudaria aquela beleza. Suas medidas eram perfeitas ao natural. Alto, ombros largos, forte o suficiente pra ganhar uma bela briga. Arrepiei-me com este pensamento, imaginar Fernando furioso fez com que eu mordesse meu lábio inferior – Ao colocar um de seus joelhos na cama, Fernando agarrou um de meus tornozelos e puxou-me pra si. Ele segurou minha cabeça, levantando-a e assim mordendo todo meu maxilar enquanto suas mãos iam descendo até meu pescoço, apertando-o, fazendo-me arrepiar. A adrenalina tomava conta de mim. Nunca havia estado com um homem tão bruto como Fernando. Ele passava a sensação de proteção e perigo ao mesmo tempo. Eu sabia que ele não me machucaria então eu seria dele, por completo. Enquanto Fernando me apertava, minhas mãos abriram o mais rápido possível, o botão e descendo o zíper da minha calça. Ele encarou-me por um segundo e pude ver que seus olhos castanhos claros foram tomados por um fogo escuro e perverso. Suas mãos quentes apertavam a lateral do meu corpo enquanto desciam o mesmo até chagar em minha calça. Fernando enfiou uma de suas mãos dentro da folga que avia entre minha pele e o jeans, apertando minha bunda e descendo o tecido até meus joelhos, onde livrei-me do grosso e pesado pedaço de pano.
Assim que estávamos completamente nus, minha paciência havia chegado ao limite. Sussurrei ao pé do ouvido de Fernando:
- Pelo amor de Deus... Não aguento mais... – disse e logo em seguida mordi seu pescoço e ombro.
Fernando esticou seu longo braço até o criado mudo, trazendo em seus longos dedos o pedaço de plástico que mais me faz feliz. Fernando já estava entre minhas pernas, e depois de protegido, colocou seu membro rígido dentro de mim. Segurando meus quadris, ele fazia os deliciosos movimentos vai e vem com tamanha força que eu podia sentir minha intimidade arder, fazendo com que eu envergasse minhas cortas pra trás, mordendo meu lábio inferior e fechando meus olhos com força. Fernando colocou um de seus braços sobre meu ombro, colocando sua mão em minhas costas, apertando-me contra seu corpo de forma que pudesse penetrar-me o mais fundo possível.  Sua respiração estava mais pesada do que nunca. Ele urrava em meus ouvidos. Seu tórax chocava-se levemente em meu peito devido aos seus movimentos. As gotículas de suor de ambos fazia com que o familiar cheiro de sexo viesse à tona no quarto que ficava cada vez mais abafado. Apertei meus lábios entre seu pescoço e ombro, na tentativa de abafar meus gemidos. Percebendo isso, Fernando puxou-me pelos cabelos para que olhasse em seus olhos. Segurando meu pescoço, ele disse sério, com o maxilar rígido e sobrancelha franzida. Seus olhos queimavam de prazer.
- Geme pra mim.
Ouvir aquela voz rouca, ver aqueles olhos queimando de puro fogo negro, sentir aquelas mãos gigantes apertando meu corpo, saber que eu era dele, levou-me à beira do abismo. Pude sentir meus pés formigarem. Eu nem se quer lembrava meu próprio nome. Os gemidos saíram de meus lábios em sincronia com os de Fernando. Ele me beijava e ao finalizar o beijo, mordia meus lábios e voltava a dedicar sua atenção à penetração. O fogo que se expandia em minha intimidade  era insuportável e apenas Fernando poderia apagá-lo. Pude sentir que estava cada vez mais próxima do orgasmo, pois os pelos da minha coxa arrepiaram-se e meu quadril tremia pelo prazer e adrenalina estar tomando conta de cada célula de meu corpo.  
Foi incrível. Era como se minha alma saísse de meu corpo e tocasse o céu. Eu não sabia o que fazer, minhas mão não sabiam se apertavam a pele de suas costas ou de seus braços. Eu não me lembrava de como se respirava. O corpo de Fernando continuava a pressionar o meu intensamente, porém os movimentos eram mais calmos, até me encara com seus olhos castanhos claros. Os olhos mais profundos que eu já vira em toda minha vida. Ficamos nos encarando por alguns segundos até que ele deita lenta e cuidadosamente ao meu lado e nos aninhamos um ao outro. Eu estava exausta, mas meus pensamentos estavam em borbulhas. Apesar de ter tido várias transas, essa sem dúvida foi a melhor. Fernando foi o único homem que soube como realmente manusear meu corpo. Era como se ele fosse feito especialmente pra mim.  Depois de concluir isso, finalmente cedi ao pedido do meu corpo e adormeci sem saber o que me aguardaria quando acordasse.
Ao acordar, levantei-me e vesti minhas roupas. Fernando fez a gentileza de trazer para o quarto a blusa que eu havia jogado na entrada do apartamento. Junto dos tecidos havia uma escova de dente. Sabia que era pra mim, pois a mesma ainda estava na embalagem. Depois que fiz minha higiene caminhei pra fora do quarto e deparei-me com Fernando sentado num dos sofás, apoiando os cotovelos nas coxas. O sol da manhã batia em sua cabeça até a metade das suas costas. Seus cabelos ficaram quase loiros.
- 7 é o suficiente –disse fazendo uma pequena pausa - Marcelo dirigirá o carro... então 8.
Os dois homens que estavam sentados à sua frente ouviam com atenção. O da esquerda endireitou suas costas ao ver-me encarando-os. Fernando notou a reação do homem e apenas balançou a cabeça em negação e disse ao virar seu belo rosto pra mim.
- Não achei levantaria tão cedo – disse com um esplêndido sorriso.
- Nem eu – disse sem jeito – Oi – disse acanhada aos homens que me olharam com um olhar sincero. Eu estava sem jeito, pois sabia o que tinha interrompido.
- Certo Fernando... E assim haverá mais dinheiro pra cada um depois da divisão – disse o da esquerda ao levantar-se e em seguida o da direita seguiu seus movimentos – Espero vê-la de novo – disse ao passar do meu lado e eu sorri. Ambos caminharam até à porta, onde Fernando trancara a mesma assim que eles haviam chegado ao elevador. Meus músculos estavam contraídos. Fernando me encarava com curiosidade do outro lado do cômodo. Caminhei até ele, ansiosa.
- Vem comer – disse dirigindo-se à cozinha. Eu o segui sem dizer nada. Ainda surpresa com a visita. Ao sentar, Fernando serviu-me omeletes e suco de laranja. Ele não comeu nada, talvez já tivesse feito-o – Conte-me mais sobre você – disse num tom de ordem, fazendo-me arrepiar. Fernando era sem dúvidas o caçador e eu a presa. Ele conseguia ser bruto e sensual até mesmo enquanto enchia meu copo.
- Não tenho nada de interessante pra dizer... – pensei melhor e resolvi concretizar a resposta, pois seus olhos eram curiosos demais. Sabia que ele perguntaria aquilo cedo ou tarde – Quero dizer, minha mãe me surrava. Eu não tinha liberdade alguma em casa então procurei isso na rua. Gosto de roupas de marca. Amo filmes. Amo andar de moto... – disse sem dar muita importância. Queria acabar logo com aquele assunto desnecessário. Além de desinteressante, não queria desperdiçar o precioso tempo falando das amarguras de minha vida enquanto poderíamos estar suados durante uma calorosa transa. Minha vida era preenchida por festas, bebedeiras, sexo e maconha. Eu nunca me importava com nada. Fazer o que quiser me reconfortava. Eu sentia que era dona de mim mesma.
- Eu não sabia sobre sua mãe – ele disse calmo, cuidadoso e sem jeito.
- Não tem problema – ri de sua cara envergonhada – Eu... Nós não nos importamos uma com a outra... Ela faz drama, dizendo que tenta mudar, mas eu não acredito – por um segundo, algumas feridas do passado pulsaram um meu coração – Mas enfim, não quero te aborrecer com meus problemas – disse sorrindo, tentando mudar se assunto. Até agora, eu já havia comido uma boa parte da omelete.
- Então o bom lado disso tudo – ele disse cuidadosamente, mas sorrindo – é que você pode ficar comigo o tempo que quiser já que é... “livre”.
Eu ri, pois percebi a malícia em seu sorriso.
- Até que você não me queira mais – lembrei-me da maravilhosa noite que tive com Fernando. Endireitei minha coluna na tentativa de conter o tesão que senti. Notei seus braços que estavam cruzados sobre a mesa. Vislumbrei cada detalhe. Era possível sentir o calor do sol apenas em olhar sua pele levemente bronzeada. Era de fato engraçado, pois o resto do corpo de Fernando tinha um tom um tanto mais claro. Suas mãos eram compridas, assim como seus dedos. Mãos apertam e apalpam com tamanha força que te impede de respirar. Se Fernando quisesse, eu nunca mais sairia porta à fora. Ele poderia manter-me presa pra sempre, dando-me em troca, seu ardente e selvagem sexo. Levantei-me e coloquei a louça sobre a pia. Fernando levantou-se quase no mesmo instante que eu. Veio até mim e prensou-me entre seu corpo e a pia. Delicadamente, juntou meus cabelos em apenas um lado de meus ombros, beijando o outro que estava livre enquanto suas mãos desciam pelos meus braços, apertando meus pulsos e depois subindo seus toques sobre a lateral do meu corpo até seus braços atravessassem meu corpo e apertasse-me contra si. Estiquei minha cabeça para que seus beijos - agora acompanhados de mordidas - pudessem ser mais livres. Uma de suas mãos apalpou um de meus seios, e pude sentir de imediato algo prazeroso expandir-se do meu colo à minha coluna.
- Você me enlouquece – disse enquanto emaranhava seus dedos em meus cabelos. Sua voz grossa fez com que me arrepiasse. Assim conduziu-me para que nossos corpos ficassem frente à frente. Lembrei-me de mais cedo. Fernando aprontaria alguma logo, logo. “Caralho”, pensei. Esse homem me enlouquecia! A ferocidade de Fernando era inigualável. Ele não se contentava em apenas morder meu lábio inferior. Ele mordeu toda minha boca, quase engolindo-me, e eu queria isso.

Flaskback


"
"FILHA DA PUTAAAAA!'- a ardida voz da minha mãe ecoou pelo estreito corredor depois que o prato escorregou de meus pequenos dedos. Eu tinha apenas 7 anos.
Eu até sentia carinho por ela quando criança mas depois que cresci, dei-me conta do monstro que dormia ao mesmo teto que eu. Ela foi obrigada a cuidar de mim depois que meu pai faleceu. Ela era a culpada por todas as desgraças da minha vida. Quando eu fiz 14 anos, cansei-me de todas as surras sem motivo. Depois que comecei a andar com bandidos e traficantes finalmente pude ter uma família. Na alegria você pensa que todos te amam, mas na tristeza somente quem realmente se importa irá com você até o limite".

domingo, 7 de abril de 2013

(cap1)



Ao acordar, esfreguei meus olhos e senti o rímel se esfarelar sob meus dedos. Automaticamente, lembrei-me da noite passada. Minha boca pediu por água mais do que nunca. Minha cabeça latejava e queimava ao mesmo tempo. O garoto que dormia ao meu lado – talvez Gabriel ou Guilerme – carregava um semblante preocupado. Ele deveria estar tão exausto como eu. Levantei-me e procurei por minhas roupas com a máxima cautela possível, pois não queria a cerimônia de despedida depois do sexo. Ao sair do motel abri minha carteira e vi que apenas tinha R$10,00. Desgostosa, caminhei bufando até o ponto de ônibus, pois seria caríssimo pagar um taxi até minha casa, que fica do outro lado da cidade.
Ao chegar em casa, minha mãe fez a usual e calorosa recepção:
- VOCÊ QUASE ME MATOU! POR ONDE VOCÊ ESTEVE? EU ESTOU CANSADA DISSO! NÃO AGUENTO MAIS!…
Eu revirei os olhos enquanto mordia um pedaço enorme do pão. Seu teatro era ridículo!
- Estou aqui agora… – respondi de forma neutra, interrompendo-a – Sem drama, tudo bem mamãe? – ironizei a ultima palavra enquanto subia pro meu quarto.
Depois de tomar um banho demorado e quente, dois analgésicos, 3 horas de sono e uma tarde de filmes, meu celular brilha e na tela aparece “Letícia”:
- AMIGA – grita animada, e eu sorrio. Letícia sempre me ajudou quando precisei. Realmente era minha amiga pra todas as horas – Se arruma! Hoje vai rolar um churras M-U-I-T-O foda na casa da Jaque! Vai ser um fervo! O Rafa também vai– nós duas rimos de forma infantil.
- Ok! Dá um toque e eu desço no portão.
- Tá, minha flor! Beijinhos! – e desligamos
- Tudo bem… – disse pra mim mesma – Que roupa?… – caminho até meu guarda-roupa e abro as portas do mesmo. Olho pra minha calça jeans skinny preta e uma blusa creme levemente decotada e bata. Puxo ambos e calço um salto meia pata marrom envernizado.
Já vestida, maquiei meu rosto de forma suave. A casa da Jaque é abafada e seria horrível se minha maquiagem ficasse borrada por conta do suor.
Como se fosse combinado, assim que guardei meu estojo de maquiagens, meu celular brilha, indicando que Letícia estava me esperando no portão de casa. Peguei minha jaqueta jeans preta e fui caminhando até o portão até que avistei Letícia. Ela estava linda. Seus cabelos loiros estavam suavemente postos de lado. Seus olhos azuis eram acompanhados de glitter. Ela usava uma camiseta verde escura e uma calça jeans clara desfiada. Nos pés, usava uma melissa nude. Letícia tinha um estilo fofo e sensual. Todos os garotos morreriam por seu beijo.
- Oi Rafa – disse acenando com um sorriso acanhado. 
- Oi! – ele disse com um sorriso animado. Estava na cara que a noite iria ser boa pra ele e Letícia, pois amanhã completarão dois anos de namoro. Essa noite seria longa, muito longa.
- Ok, vamos. – Digo enquanto eu e Letícia caminhamos até o carro de Rafa depois que tranquei o portão.
Ao chegar, havia alguns carros e motos parados nos dois lados da rua. O lugar estava um fervo! Duas vezes mais pessoas que eu achei que haveria. Letícia tinha razão em dizer que seria abarrotado de gente.
Por mais que estivesse acompanhada, Letícia nunca me deixava com a sensação de ser vela. Na verdade, ela dava mais atenção pra mim do que pro Rafa, mas ele parecia não se importar. Ele e eu sabíamos que ela iria pra casa dele no fim da noite.
Subimos a estreita escada da casa da Jaque. O som da música eletrônica tomava conta do local. Já na entrada, cumprimentei com um amistoso beijo no rosto dos meus amigos, conhecidos, novos conhecidos, até que finalmente chegamos ao interior da casa, onde estavam meus parceiros. Apesar de Letícia e eu termos 17 anos, gostávamos de andar com pessoas mais velhas.
- Chegou! – disse Sara, uma mulher meiga, baixinha e simpática. Ela usava um short e uma camiseta, ambos pretos – Meus amores! – disse puxando-me. Letícia e Rafael seguiram-me até os outros. Amanda e Gabriela. Ambas usavam camisetas vermelhas e calças, mas a de Amanda era preta e de Gabriela ela incrementada e detonada. Alguns garotos estavam juntos. Dois deles eu conhecia. Eduardo usava o mesmo corte de cabelo. Moicano, e tinha um novo piercing, dessa vez no nariz. Sua pele negra destacava sob a camiseta branca polo que usava junto com uma calça jeans preta. Como sempre, seu tipo alto e forte fez com que meus olhos escorregassem por seu copo por segundos. Gustavo tinha o mesmo rosto brincalhão. Seus olhos verdes brilhavam com a pouca luz que havia na sala. O mesmo usava uma camiseta azul escura e jeans do mesmo tom. Seu tipo magro e alto o deixava tão convidativo que era possível se apaixonar somente de olhá-lo. Então, minha atenção dirigiu-se apenas para o garoto desconhecido. Seus cabelos castanhos claros tinham um corte bem aparado nos lados e um topete razoável. Não tive certeza se seus olhos eram castanhos claros ou verdes. “Ó Meu Deus”, pensei ao olhar seus lábios carnudos e rosados. Seus ombros largos eram destacados pela camiseta rosa clara que usava. Essa camiseta era o par perfeito de seus lábios. Seu corpo não era sarado como de um modelo, mas tinha uma estrutura perfeita. Suas pernas e quadris eram preenchidos por um jeans azul marinho e nos pés ele usava um tênis esportivo branco. Perfeito.
- E aí – disse a todos. 
- Ah, garotas e… Rafael – Sara disse animada e destacando o nome de Rafael e isso o fez rir – Este é meu primo, Fernando – disse apontando para o garoto desconhecido e no mesmo momento lembro-me que já havia escutado histórias sobre esse tal Fernando.
- Oi, tudo bem? – Fernando sorriu de forma receptiva e calorosa.
- Oi – Letícia e eu respondemos justas. Voz dela saiu mais fina que o normal. Não era pra menos. Fernando tirava a atenção de qualquer garota em sã consciência. Ainda mais, garotas como eu.
- E aí, cara – Rafael disse sorridente. Talvez não tenha percebido o tom de Letícia.
A noite foi passando tranquilamente. Depois de algumas goladas em bebidas variadas, várias risadas, Gustavo tira do seu bolso o que todos do grupo mais esperava.
- Um “oi” da senhorita verde – disse acendendo o baseado. Fuma e passa o mesmo pra Gabriela até que este chegue à mim. Fumo o mais devagar possível, sentindo o gosto, a textura e o cheiro da maconha entrar lentamente em meu corpo. No mesmo instante sinto-me relaxada. Passo o mesmo pra Fernando, que me observava atentamente. Pude perceber que seus olhos são castanhos claros, no mesmo tom que seus cabelos. Quando Fernando fumou, pude sentir os pelos de meus braços se eriçarem. Ele era sexy. Seus dedos seguravam o baseado suavemente, com cuidado. Suas sobrancelhas contraíram-se com sua expressão agressiva. Seu tórax inflou lentamente ao puxar o ar. Seus lábios soltaram a fumaça de forma tão excitante que eu pude sentir meus pés formigarem e serrei meus punhos, com a intenção de conter o calor que subia por minha espinha. Ele entra o baseado pra Eduardo e me encara em seguida com um sorriso leve em seus lábios. Ele se aproxima lentamente até que nossos lábios se encontram. Seu beijo tinha sabor de álcool e menta. Sua língua tocava a minha com tamanha maciez que nunca havia sentido antes. Suas mãos agarram meu pescoço e cabelos de forma um tanto bruta, mas gostosa e ele entrega-me durante o beijo a bala que havia em sua boca.
Depois de algumas horas de conversa e beijos, percebo que Letícia e Rafael não estavam mais na sala. Olho para os lados e pergunto à todos na esperança que alguém me responda:
- A Letícia foi embora? - imaginei que ela tenha deduzido que eu iria embora com Fernando, pois ela não teria me deixado sozinha. “Obrigada, amiga” agradeci Letícia mentalmente, pois seria maravilhoso passar a noite com Fernando
- Já tem um bom tempo – disse Amanda, com um sorriso.
- Eu te levo – viro meu rosto para o dono daquela voz rouca e sorrio – Mas alguém tem que te emprestar um capacete – disse sorrindo, porém era possível ver que estava falando sério.
Assenti e pensei o mais rápido possível em alguém que pudesse emprestar um capacete. “Jaque”. Corri pelos cômodos mal iluminados à procura da dona da casa. “Onde estão aqueles cabelos vermelhos?” pensei. Pude sentir um grande alívio ao vê-la. Alta e estonteante, ela usava um vestido vermelho do mesmo tom de seus fios, acompanhados de lábios vermelhos. Vermelho caia muito bem em seu tom de pele bronzeado. 
- Oi, Jaque – sorri. Ela era uma das pessoas mais verdadeiras que eu já havia conhecido em toda a minha vida – Você pode me emprestar um capacete?  Minha carona está de moto – fiz uma careta.
- Sussa, amiga! Está na estante do meu quarto.
Fui ao quarto de Jaque. Eu conhecia muito bem aquela casa de pintura desbotada. Jaque morava sozinha e sempre que eu não queria ir pra casa quando estava bêbada demais pra caminhar, ela deixava eu dormir no quarto ao lado do dela. Girei a maçaneta e de cara pude ver o capacete branco cintilar na prateleira de madeira sintética que havia na parede frontal de seu quarto. Peguei-o e desci escada abaixo o mais rápido possível depois de bater a porta atrás de mim.
Ao voltar à sala principal, Fernando me esperava encostado na parede ao lado da grande janela com grades brancas, pude sentir um sorriso formar em meus lábios quando o mesmo segurou em meu pulso e atravessamos pra fora da casa abarrotada.
- Você quer ir pra sua casa agora? – perguntou atento e ansioso por minha resposta.
- Não está tão tarde assim… – quando pensei em concretizar minha resposta ele continuou.
- A gente pode dar uma volta, se você quiser – propôs. 
- Você escolhe o lugar, então – disse enquanto Fernando e eu descemos as escadas.
Fernando e eu caminhamos até sua moto robusta e branca, onde pega seu capacete também branco e encaixa-o em sua cabeça. Faço o mesmo enquanto ele monta em sua moto e a liga. Subo logo em seguida e visto minha jaqueta. Assim que ele prepara a moto e a acelera, meu corpo vai pra trás e eu agarro sua cintura por reflexo. Talvez ele tenha feito isso de propósito, pois ele acelera cada vez mais aproveitando que a longa rua estava livre. Ele sabia o que fazia. Senti-me segura com ele.
- Você tem medo? – ele disse um pouco mais alto por conta do capacete que abafava sua voz, ao virar a cabeça e tentar me olhar pelo canto dos olhos.
- Nem um pouco – disse tranquila. Nunca tive medo de alta velocidade ou de motos. Logo, meus olhos se fecharam e mordi meu lábio inferior. Era excitante. A adrenalina tomou conta de mim quando ele empinou a moto. O perigo que corríamos por conta da alta velocidade. O barulho ensurdecedor que o vento fazia ao entrar pelo capacete. Tudo favorecia o lado de Fernando. Eu o queria cada vez mais sobre meu corpo. Agarrei sua cintura com mais força. Isso só o fez acelerar mais quando a frente da moto caiu no chão. De madrugada, as avenidas tornam-se pistas e eu poderia apostar que o único som que poderia ser ouvido das casas e prédios era o do potente motor que Fernando tinha posse.
Seguimos pra zona norte da cidade até que Fernando diminuiu a velocidade e parou a moto enfrente um condomínio que possuía um portão cinza. Ao adentrarmos, descemos da moto e caminhamos em silêncio até o elevador, mas nossos olhos e gestos conversavam. Pude perceber que ele estava tão ansioso para tirar a roupa como eu estava. Quando conversamos mais cedo, Fernando disse que morava sozinho, então fiquei aliviada, pois não haveria o desconforto de dar de cara com sua família. Seguimos até seu apartamento no 5º andar e ao abrir a porta era possível ver a cozinha e ao lado a sala. Coloquei meu capacete no chão, perto da porta e assim que Fernando trancou a mesma, o mesmo sorriu. Não hesitei quando o vi tão perto de mim. Agarrei-o com tanta força que meu nariz formigou assim que o chocou-se em seu rosto. Minhas mãos não conseguiam decidir onde apalpar. Eu sabia que ele era um fora da lei. E isso fazia com que eu o quisesse cada vez mais. Eu gosto do perigo. Só de imaginar que a polícia poderia invadir o apartamento fez com que eu tirasse minha blusa e jogasse-a no chão. Pude sentir um fogo excitante ascender em meus pés, subir em minhas pernas e chegar em minha coluna.